Ricardo Ribeiro, um dos primeiros músicos que iria subir ao palco virtual do TV Fest, diz estar "tranquilo" e "pleno de consciência".

Numa publicação na sua página na rede social Facebook, o fadista diz nada ter a "justificar sobre o festival TV Fest nem a Deus nem aos Homens".

"Nada pedi, nada roubei, nada escolhi e a nada enganei. Prefiro a injustiça à vingança, a injustiça tarde ou cedo morre, a vingança não tem fim. Não me vingo nem por palavras nem actos de todos os insultos, aleivosias e ofensas que tantos disseram sobre mim", escreveu ainda.

Horas antes, Benjamim, nome pelo qual assina Luís Nunes, também já tinha reagido na mesma plataforma. O músico era um dos nomes que ainda não tinha sido anunciado e assume ter sido convidado "por um colega de profissão".

Numa longa publicação, diz que não percebe "a crucificação em praça pública de colegas de profissão".

"Liguei às pessoas que trabalham comigo a dar a boa notícia de que iriam receber um cachet inesperado, algo que tanta falta lhes faz - alguns deles, tal como muitos de vocês, não sabem como irão pagar a renda se isto se prolongar por muito mais tempo. No dia seguinte filmei o que era suposto, na presença de um técnico extremamente simpático, equipado a rigor e com formação para lidar com esta doença maldita, depois de ter efectuado todos os procedimentos de desinfecção do material de filmagem e gravação. O pobre rapaz operou duas câmeras, fez iluminação, tratou do som e ainda me entrevistou", conta.

A reação de Marisa Liz foi publicada na conta dos Amor Electro, a banda que a dá voz. "Aceitámos o convite com a melhor das intenções, era uma oportunidade para repartir o valor do cachet por toda a nossa equipa de estrada, que neste momento sofre como toda a comunidade cultural com uma dramática falta de trabalho, escreveu.

"Somos transparentes nas nossas decisões, procuramos consciencializar e, sobretudo, mostrar que o que faz um artista não é a roupa extravagante e nem vida glamorosa. Somos movidos pela musica mas em primeiro lugar somos movidos por princípios", lê-se ainda na publicação da artista.

O TV Fest, projeto criado pelo Governo no quadro de apoio, no âmbito da crise causada pela pandemia da covid-19, e destinado "exclusivamente" ao setor da música, tinha estreia marcada para esta quinta-feira à noite, no canal 444, nos quatro operadores de televisão por subscrição em Portugal, e na RTP Play.

Em cada programa atuariam quatro músicos. Os primeiros quatro, escolhidos pelo apresentador de televisão Júlio Isidro, foram Marisa Liz, Fernando Tordo, Rita Guerra e Ricardo Ribeiro. Estes quatro músicos convidariam outros quatro e daí em diante.

O projeto foi anunciado na terça-feira à noite pela ministra Graça Fonseca, na RTP.

Na quarta-feira à tarde, surgia ‘online’ a petição pública “Pelo cancelamento imediato do festival TV Fest”, que, menos de 24 horas depois, reunia mais de 18.600 assinaturas.

O TV Fest foi suspenso esta quinta-feira, na sequência das dúvidas e críticas que surgiram no setor, e será repensado, disse hoje à Lusa a ministra Graça Fonseca.

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“Como o setor reagiu tão rapidamente, com críticas, dúvidas e questões, nós vamos suspender [o TV Fest], ia estrear hoje, será suspenso hoje. Vamos repensar e perceber exatamente como manter este nosso objetivo de apoiar o setor da música e os técnicos e, ao mesmo tempo, dar a possibilidade de as pessoas receberem em sua casa música portuguesa”, afirmou hoje a ministra da Cultura, Graça Fonseca, em declarações à Lusa.

De acordo com a ministra, seriam abrangidos “160 músicos”, “de todos os estilos musicais”, a quem era pedido que “envolvessem sempre equipas técnicas”, o que significaria o envolvimento de “cerca de 700 técnicos”, ao longo dos vários programas.

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