30 de outubro de 1811 - Sai a primeira edição de "Sensibilidade e Bom Senso", de Jane Austen.

30 de outubro de 1821 - Nasce o escritor russo Fiodor Dostoievsky, autor de "Crime e Castigo", "O Idiota", "Os Irmãos Karamazov".

O que é que faz uma boa história? Uma história que atravessa séculos, um Dostowieski ou uma Jane Austen? Teremos tantas respostas quanto leitores, mas avancemos no tempo.

A 30 de outubro de 1938 Orson Welles transmitiu na rádio do Columbia Broadcasting System uma adaptação do romance A Guerra dos Mundos (1898), de H. G. Wells. O episódio terá causado o pânico em massa, conta-se, embora o caso seja discutível devido à fraca audiência do programa em que foi transmitido.

Independentemente da dimensão do acontecimento, 81 anos depois ainda se fala do que aconteceu. O impacto de um livro ou da leitura de um livro na primeira metade do século XX é incomparável ao impacto que teria hoje.

Hoje, dia 29 de outubro de 2019,  a Leya anunciou que não vai atribuir amanhã o prémio literário do grupo por nenhum dos candidatos ter qualidade literária suficiente. Não é caso único, em 2016 e 2010 o prémio também não foi atribuído. São 100 mil euros orfãos de romances ou poética para a história.

E hoje, num dia que fica marcado por mais boas disposições de Sócrates e da continuação da novela do Brexit, com data para novas eleições legislativas, temas sem fim com viragens recambulescas que se fossem livros não eram tão bons, fico triste pelos livros que já não nos metem medo, nem nos fazem acreditar no fim do mundo, nem nos empolgam ao ponto de os premiar.

Em vez disso, vamos na maré de narrativas mal pontuadas, mal contadas e sem fundamentos das redes sociais. Há oito décadas, os livros faziam-nos acreditar no fim do mundo, hoje não convencem Manuel Alegre, o presidente do júri do Prémio Leya.