“É evidente que a Turquia tem o direito de se defender e de atuar contra os que estiveram envolvidos na tentativa de golpe de Estado, mas tem de o fazer respeitando plenamente o Estado de direito”, disse Stoltenberg antes de uma reunião entre a NATO e a União Europeia que se realiza hoje em Malta.

O Governo turco anunciou esta quarta-feira a suspensão de mais de 9.000 agentes da polícia por alegadas ligações à rede do clérigo Fethullah Gülen, que Ankara acusa de organizar o golpe falhado de julho.

A Direção Geral de Segurança divulgou um comunicado em que refere terem sido suspensos 9.103 polícias por terem ligações à "organização terrorista de Fethullah Gülen", forma como as autoridades turcas classificam o pregador.

Esta medida enquadra-se nas possibilidades cobertas pelo estado de emergência estabelecido depois do golpe falhado e que permitem ao Governo turco tomar decisões excecionais para garantir a segurança.

Cerca de 2.500 dos polícias suspensos estavam em Istambul, 1.350 em Ancara e o resto em outras regiões do país.

Esta nova purga em massa de funcionários acontece horas depois de terem sido detidas pelo menos 1.120 pessoas, na maioria polícias e outros agentes das forças de segurança, por alegadas ligações à rede de Fethullah Gülen.

Depois das primeiras detenções, o ministro da Administração Interna turco, Süleyman Soylu, declarou que as forças de segurança e o sistema judicial "deram um passo importante para descobrir e destruir uma estrutura que, infelizmente, se infiltrou na direção de segurança".

Gülen é acusado por Ancara de ser responsável pela tentativa de golpe de Estado de julho passado, o que o líder religioso recusa.

As autoridades turcas acusam o clérigo, exilado nos Estados Unidos desde 1999 e cuja extradição é exigida por Ancara, de ter criado um “Estado paralelo”, colocando apoiantes em postos-chave da Administração, Justiça, Forças Armadas e Polícia.

Gülen foi, até 2013, próximo do Governo islamita turco, que permitiu a entrada dos colaboradores do clérigo na administração.

Após a tentativa de golpe de Estado, em julho passado, Ancara intensificou as detenções e despedimentos de funcionários públicos, professores, militares, juízes e polícias acusados de apoiar o predicador.