Em declarações a jornalistas portugueses, no âmbito de uma visita organizada pelas instituições europeias, Natasha Bertaud, porta-voz da Comissão Europeia para as prioridades do presidente Jean-Claude Juncker, frisou que “um dos princípios fundamentais” do sistema de recolocação “é que nenhum país da UE pode escolher quem recoloca”.

Ou seja, “não pode dizer se prefere mulheres, cristãos ou muçulmanos”, frisou.

“Portugal faz parte do programa de recolocação, já recolocou cerca de 800 pessoas de Itália e Grécia”, mencionou.

A declaração foi feita em resposta à pergunta sobre informações divulgadas hoje pela agência de notícias Associated Press segundo as quais a Grécia teria rejeitado um pedido de Portugal para acolher yazidis, por considerar esse pedido discriminatório.

Recusando comentar diretamente a reação grega, Natasha Bertaud recordou que “não se pode selecionar” qualquer característica entre as pessoas “elegíveis” no programa de recolocação, a não ser “precisarem de proteção”.

Na sequência das informações veiculadas pela AP, o ministro-adjunto Eduardo Cabrita frisou que a vinda para Portugal de 30 pessoas da comunidade yazidi – hoje anunciada – está inserida no programa de recolocação europeu e não em qualquer outro pedido específico.

“Há um programa europeu de recolocação decidido em setembro de 2015 que envolve a recolocação a partir de campos refugiados na Grécia e em Itália (…). Nesse quadro houve elementos da comunidade yazidi que estão em campos na Grécia que manifestaram interesse em ser colocados em Portugal e Portugal aceitou”, explicou.

A eurodeputada Ana Gomes – que tem repetidamente alertado para a situação dos yazidis – confirmou que Portugal não fez um pedido específico para receber refugiados dessa comunidade e classificou como absurdo o argumento das autoridades gregas de que há discriminação.

Também o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, garantiu hoje que "Portugal não dirigiu nenhum pedido à Grécia para privilegiar, fosse a que título fosse, um conjunto étnico dentro do contingente de refugiados que Portugal se disponibilizou a acolher".

O governante referiu que já esta manhã contactou o embaixador português em Atenas e não há "nenhuma informação da parte das autoridades gregas".