Os comentários de Netanyahu marcam o primeiro conflito público entre os dois aliados desde o início da luta na semana passada e podem complicar os esforços internacionais para chegar a um cessar-fogo, observa a agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP).

“Aprecio muito o apoio do Presidente norte-americano, mas Israel vai continuar a luta para devolver a calma e a segurança aos cidadãos de Israel. Estamos determinados em continuar com as operações militares até atingirmos o nosso objetivo”, disse Netanyahu, após uma visita a um quartel.

Netanyahu tem garantido regularmente que vai prosseguir com as operações e a resposta a Biden, que a AP classifica como “dura”, sinaliza que não tem intenções de parar.

Noutro sinal de uma potencial escalada, militantes no Líbano dispararam hoje uma série de foguetes contra o norte de Israel.

Netanyahu falava pouco depois de Biden, numa conversa telefónica, a quarta numa semana, lhe dizer que espera uma “redução da violência hoje” no conflito com Gaza num primeiro passo para se atingir um acordo de cessar-fogo.

“O Presidente [Biden] disse ao primeiro-ministro [israelita] que esperava uma redução significativa da violência hoje em direção a um cessar-fogo”, indicou a Casa Branca.

Depois de uma nona noite de violência, os ataques aéreos israelitas intensificaram-se hoje na Faixa de Gaza. Israel disse esperar “o momento oportuno” para parar os ataques ao enclave palestiniano.

Washington reivindica uma abordagem diplomática “discreta” desde o início deste novo ciclo de violência entre Israel e grupos armados palestinianos em Gaza, com o movimento islâmico que controla o enclave, o Hamas, à frente.

Mas muitos no Partido Democrata norte-americano têm pedido para o Presidente se mostrar mais duro em relação a Netanyahu.

Os negociadores egípcios também trabalham para interromper os combates e, embora não tenham feito progressos com Israel, estão otimistas que a pressão internacional possa forçar as negociações, de acordo com um diplomata egípcio.

Pelo menos seis mortos após bombardeamentos em Gaza

Pelo menos seis pessoas morreram hoje após bombardeamentos aéreos na Faixa de Gaza, depois de os militares israelitas terem ampliado os ataques a alvos de militantes palestinianos no sul.

Os moradores de Gaza relataram hoje que viram pilhas de tijolos, cimento e outros entulhos de casas que abrigavam 40 membros da família al-Astal.

Os moradores disseram que um míssil de alerta atingiu o prédio na cidade de Khan Younis, ao sul, cinco minutos antes do ataque aéreo, permitindo que todos escapassem do local.

O exército israelita afirmou que atingiu alvos dos militantes palestinianos nas cidades de Khan Younis e Rafah, com 52 aviões atingindo 40 alvos subterrâneos num período de 25 minutos.

A rádio Al-Aqsa, administrada pelo Hamas, contou que um de seus jornalistas foi morto num ataque aéreo na cidade de Gaza.

Os médicos do hospital Shifa adiantaram que o repórter estava entre os cinco corpos levados hoje de manhã ao centro hospitalar.

Pelo menos 219 palestinianos foram mortos, nos últimos dias, em ataques aéreos, incluindo 63 crianças e 36 mulheres, e 1.530 ficaram feridos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, que não divide os números em combatentes e civis.

O Hamas e a Jihad Islâmica afirmam que pelo menos 20 dos seus combatentes foram mortos, enquanto Israel afirma que o número é de pelo menos 130.

Doze pessoas em Israel, incluindo uma criança de 5 anos, foram mortas em ataques com foguetes até agora.

Os militares israelitas disseram que também foram disparados foguetes contra a passagem de peões em Erez e na passagem de Kerem Shalom, onde ajuda humanitária estava a ser levada para Gaza, forçando o encerramento das duas.

Os militares israelitas lançaram centenas de ataques aéreos que dizem ter como alvo a infraestrutura do grupo islâmico Hamas, enquanto militantes palestinianos dispararam mais de 3.700 ‘rockets’ contra Israel.

Israel diz, igualmente, que as suas defesas aéreas têm uma taxa de intercetação de 90% dos ‘rockets’ lançados pelo Hamas.

Estes últimos ataques ocorrem no momento em que esforços diplomáticos visando um cessar-fogo ganharam força na comunidade internacional. As infraestruturas de Gaza, já enfraquecidas por um bloqueio de 14 anos, estão a deteriorar-se rapidamente.

A escalada da violência começou em 10 de maio, quando o Hamas disparou ‘rockets’ em direção a Jerusalém em apoio aos protestos dos palestinianos contra o policiamento pesado de Israel no complexo da Mesquita de Al-Aqsa, um local sagrado para judeus e muçulmanos, e a ameaça de despejo de dezenas de famílias palestinianas na região de colonatos judeus.

[Notícia atualizada às 19:24]