Os funcionários desta publicação quase centenária - assinala esse aniversário em 2019 -, adquirida há menos de um ano pelo grupo Tronc, foram informados por e-mail que o corte foi feito para lidar com "desafios financeiros significativos".

A equipa editorial será reduzida em quase 50% para 40 jornalistas, e o jornal analisa uma reestruturação concentrada em notícias de última hora, principalmente em áreas relacionadas com "crime, justiça civil e responsabilidade pública", segundo a nota dirigida aos funcionários, que circulou amplamente no Twitter.

"As decisões que estão a ser anunciadas refletem as realidades do nosso negócio e a necessidade de se adaptar a um meio rodeado de mudanças constantes", aponta o memorando.

A decisão foi questionada pelo governador do estado de Nova Iorque, o democrata Andrew Cuomo, através de um comunicado que publicou na sua conta do Twitter.

"Peço à Tronc que reconsidere esta decisão, e estou disposto a trabalhar com eles para evitar um desastre", disse. "Entendo que as grandes companhias costumam pensar apenas em termos de lucros e dividendos, mas em Nova Iorque também levamos em conta a perda de uma instituição importante" e "a perda de empregos", acrescentou.

O mayor de Nova Iorque, Bill de Blasio, também lamentou a decisão: "É um desastre para Nova Iorque", disse.

As reações também se fizeram sentir por parte de ex-membros da equipa. Jim Rich, editor chefe demissionário, publicou na sua conta do Twitter que "se odeias a democracia e julgas que os governos locais deviam operar sem vigilância e às escuras, então hoje é um bom dia para ti".

No seu auge, o New York Daily News foi um dos títulos com mais cópias vendidas nos Estados Unidos, chegando aos 2,4 milhões em 1947, mas desde então os seus números minguaram. Quando foi comprado pelo valor simbólico de 1 dólar pelo grupo Tronc, em 2017, com todas as suas dívidas, a sua circulação descera para 200.000 exemplares.

Apesar dos seus problemas financeiros, o jornal obteve o seu 11º Prémio Pulitzer no ano passado, numa reportagem conjunta com o ProPublica sobre o abuso da lei dos despejos em Nova Iorque. Para além das suas manchetes chamativas, o New York Daily News notabilizou-se pela sua atitude combativa perante os maiores poderes da cidade, sendo Donald Trump um dos seus alvos preferenciais, mesmo antes de este se tornar o Presidente dos Estados Unidos da América.

Estes cortes no jornal nova-iorquino vêm na senda no que tem sido a atuação da Tronc. Sediado em Chicago, este grupo editorial procedeu à diminuição da equipa do seu título principal, o The Chicago Tribune, em março, fazendo o mesmo um mês depois com o Los Angeles Times, entretanto vendido ao empresário Patrick Soon-Shiong.