Do total de mortos, 306 são civis, 28 faziam parte de grupos paramilitares que defendem o Governo de Daniel Ortega, 16 eram polícias e um era um membro do Exército, conforme foi detalhado em conferência de imprensa pelo secretário-geral da ANPDH, Alvaro Leiva, que leu um relatório preliminar da organização.

Além disso, 2.100 pessoas sofreram ferimentos e não tiveram acesso a atendimento médico oportuno do sistema público de saúde, dos quais 51 sofreram ferimentos graves com danos permanentes, refere o relatório.

Alvaro Leiva denunciou que, até agora, “não há fonte oficial” que forneça dados exatos sobre quantas pessoas foram feridas ou morreram nos diferentes protestos cívicos que têm vindo a ocorrer no país.

Desde 18 de abril que a Nicarágua é palco de manifestações e confrontos violentos. Os manifestantes acusam o Presidente Daniel Ortega e a mulher e vice-Presidente, Rosario Murillo, de abuso de poder e de corrupção. Daniel Ortega está no poder desde 2007, após um primeiro mandato de 1979 a 1990.

António Guterres "muito preocupado" com a situação na Nicarágua

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas está "muito preocupado" com a violência na Nicarágua e apoia a mediação dos bispos para uma saída pacífica para a crise no país, afirmou hoje o seu porta-voz.

créditos: EPA/YURI KOCHETKOV

"É uma situação que (António Guterres) tem estado a seguir de muito perto e apoia o trabalho feito pelos bispos católicos para um diálogo político", afirmou Stéphane Dujarric, na sua conferência de imprensa diária.

Em comunicado posterior, Dujarric acrescentou que a ONU "deplora a perda de vidas nos protestos e o ataque contra os mediadores da Igreja católica no diálogo nacional".

No texto, acrescentou-se que "o secretário-geral reconhece o importante papel de mediação da Conferência Episcopal Nicaraguense e insta todas as partes a respeitar o papel dos mediadores, abster-se do uso da violência e comprometer-se plenamente em participar no diálogo nacional para reduzir a violência e encontrar uma solução pacífica para a crise atual".

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o gabinete do Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos condenaram a violência recente, que só no fim de semana causou mais 20 mortos, e pediram o desarmamento "urgente" dos grupos "pró governamentais".

Entretanto, a Conferência Episcopal da Nicarágua decidiu continuar a mediar o processo de diálogo nacional, apesar das agressões físicas e verbais os seus representantes sofreram na segunda-feira.

Neste dia, um grupo de agentes para policiais irrompeu violentamente em uma basílica da cidade de Diriamba, situada 42 quilómetros a sul de Manágua, onde agrediram os bispos, entre os quais o núncio apostólico Stanislaw Waldemar Sommertag, o cardeal Leopoldo Brenes e o bispo Silvio Báez.

Primeira-dama e vice-presidente da Nicarágua diz que Governo "é indestrutível"

A primeira-dama e vice-presidente da Nicarágua, Rosario Murillo, defendeu que o Governo liderado pelo marido, Daniel Ortega, "é indestrutível" e que os opositores "não conseguiram, nem vão conseguir" derrubá-lo durante a atual crise sociopolítica.

créditos: EPA/JORGE TORRES

“Somos fortes, indestrutíveis, não conseguiram, nem vão conseguir” derrubar o Governo, exclamou Murillo, num discurso transmitido na quarta-feira por meios de comunicação social oficiais.

Na opinião da também porta-voz do Governo, o que está a acontecer desde 18 de abril é “uma explosão do mal e do terrorismo”, causada pelos opositores que vivem num “mundo egoísta e perverso”.

“Foram capazes de introduzir numa sociedade que vivia um processo de reconciliação… perversão, terror, terrorismo, crimes, sequestros e torturas”, acusou.

No mesmo dia, a Associação Nicaraguense pelos Direitos Humanos (ANPDH) elevou para 351 o número de mortos e 261 desaparecidos devido à repressão do Governo contra os protestos que ocorrem no país desde abril.

Ainda na quarta-feira, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, disse estar “muito preocupado” com a violência na Nicarágua.

A ONU “deplora a perda de vidas nos protestos e o ataque contra os mediadores da Igreja católica no diálogo nacional”, de acordo com um comunicado do porta-voz, Stéphane Dujarric.

Na segunda-feira, partidários do Governo irromperam violentamente uma basílica da cidade de Diriamba, situada a 42 quilómetros a sul de Manágua, onde agrediram vários bispos, entre os quais o núncio apostólico Stanislaw Waldemar Sommertag, o cardeal Leopoldo Brenes e o bispo Silvio Báez.