“Não há intenção de nos esquivarmos a nada. O que precisa de EIA tem de ter. O que não carece não tem de o ter. Ninguém está a fugir a nada. Queremos salvaguardar o ambiente, a qualidade de vida das nossas cidades tanto ou mais do que essas associações. Não podemos partir do princípio de que quem está a governar quer o mal, que quer fazer o investimento e não está preocupado com o ambiente. É falso. Estamos tão preocupados com o ambiente como essas associações, podemos é ter visões diferentes”, declarou Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e da Habitação.
Durante uma visita ao Porto de Leixões, em Matosinhos, distrito do Porto, o governante respondia a questões dos jornalistas sobre a associação ambientalista Zero ter defendido hoje que as obras para criação de duas saídas rápidas no aeroporto de Lisboa requerem uma avaliação de impacto ambiental que não ocorreu.
“A Zero está preocupada? Eu também estou. Mas há uma coisa que também quero: que o país não pare de crescer e de criar emprego, para termos uma vida boa e um país que produz mais riqueza”, defendeu.
De acordo com Pedro Nuno Santos, o Governo está “tão preocupado como qualquer associação ambientalista com a proteção do ambiente do nosso país e a qualidade de vida do nosso povo”.
“Precisamos de fazer os investimentos que estão previstos, seja no aeroporto do Montijo seja no Humberto Delgado mas, obviamente, com o acompanhamento da nossa Agencia Portuguesa do Ambiente, para irmos ajustando o projeto, caso seja necessário”, disse.
A associação ambientalista Zero entende que as obras para criação de duas saídas rápidas no aeroporto de Lisboa requeriam uma avaliação de impacto ambiental que não ocorreu, mas congratula-se com o encerramento do aeroporto em parte do período noturno.
A ANA – Aeroportos de Portugal anunciou hoje que começam em janeiro obras para a criação de duas saídas rápidas de pista no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, que implica o encerramento da infraestrutura entre as 23:30 e as 05:30 até junho.
Numa reação a este anúncio, a Zero entende tratar-se de uma “boa notícia estragada por um erro inadmissível”.
Para os ambientalistas, a indicação do encerramento total do aeroporto naquele período da noite “mostra que é possível ajustar os movimentos e garantir o descanso da população próxima do aeroporto”.
Contudo, a Zero alerta que o impedimento de voos durante parte da noite “irá certamente agravar o número de movimentos no restante período, com um agravamento do incómodo” nessas horas "e, tudo indica, sem respeitar os valores-limite legislados”.
A Zero tem monitorizado o movimento e o nível de ruído no aeroporto de Lisboa. Segundo o comunicado hoje emitido, nas últimas sete madrugadas, da meia-noite às seis da manhã, o número real de movimentos foi 102, apesar de estarem previstos 74 movimentos, entre partidas e chegadas.
Nas contas dos ambientalistas, os 102 movimentos são 11 acima do total de 91 movimentos semanais permitidos.
A Zero tem defendido um período de descanso noturno de seis horas e o respeito pelos valores-limite de ruído legislados.
Quanto às obras anunciadas pela ANA, os ambientalistas entendem que a construção de saídas rápidas aumenta o número possível de movimentos e requer, por isso, avaliação de impacto ambiental.
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