De acordo com o Público, os concessionários receberam as notificações de despejo no final de novembro e início de dezembro. Nessa altura, era indicado que teriam de deixar as instalações no prazo de dez dias, devido ao fim dos contratos das concessões para explorar os restaurantes naquela zona da Costa de Caparica — mas poderiam continuar a trabalhar passado esse tempo, se pagassem uma mensalidade, sem isso significar a renovação dos contratos.

Paulo Edson Cunha, advogado que representa alguns dos restaurantes, defende que houve uma mudança de planos por parte da Câmara Municipal de Almada, considerando os últimos dois ou três anos. "Temos em nossa posse um contrato que nos foi remetido pela autarquia, para rever, em que estava prevista uma concessão por mais 18 anos e, de repente, a presidente da câmara recuou e não deu qualquer justificação, apesar de pedidos sucessivos para uma nova reunião", explicou.

A Câmara Municipal de Almada justificou o sucedido ao jornal, referindo que "vai tudo para concurso público e que só está à espera que as providências cautelares que alguns donos de restaurantes interpuseram, contra o fim das concessões e que foram consideradas improcedentes pelo tribunal, transitem em julgado para avançar com os procedimentos concursais".

Contudo, "o município de Almada, a WebMob e a Costapolis encontram-se já a desenvolver os procedimentos necessários para o lançamento dos concursos públicos com a maior celeridade possível, estando igualmente em definição os termos que irão regular as futuras concessões", adianta a autarquia.

Por sua vez, a câmara municipal frisa que depois do término dos concursos "procurar-se-á efetuar a transição da forma mais célere e com o menor impacto para os almadenses e visitantes destes espaços, garantindo-se assim a continuidade da oferta de restauração de qualidade nas praias da Costa de Caparica".

Um dos restaurantes afetados é "O Barbas". "O nome Barbas já é conhecido na Costa há 45 anos e agora, pelos vistos, estão a dar-me um prazo para ir embora”, contou António Ramos, de 78 anos, conhecido por "Barbas do Benfica", ao Público, lembrando que foi do seu bolso "que saiu dinheiro para, ao longo dos anos, não só pagar a renda do espaço, mas fazer as melhorias das infraestruturas que se vão degradando".

"Não me estou a ver sair daqui. É o Barbas que traz pessoas à Costa de Caparica, não é a câmara. Ninguém nos liga nenhuma. Só servimos para dar apoio às praias. Pagamos aos nadadores-salvadores no verão e não é assim tão pouco como isso. E agora querem-me pôr daqui para fora", remata.