“As pessoas têm estar, desde pequenas, informadas. Apostar nas crianças é essencial, com incidência na informação e formação das crianças para dar frutos mais tarde”, disse Carlos Palhares, técnico do Serviço Municipal de Proteção Civil (SMPC) de Lisboa.
Carlos Palhares falava no primeiro seminário que decorre na Semana da Proteção Civil, no painel “Conversas sobre riscos urbanos”, onde dissertou sobre incêndios urbanos, prevenção e autoproteção.
Numa plateia essencialmente composta por técnicos municipais, elementos de juntas de freguesias e bombeiros, Carlos Palhares falou sobre a sua experiência ao longo de trinta anos na Proteção Civil, frisando que a formação é essencial para que as pessoas saibam como comportar-se em situações de perigo.
O técnico recordou uma ação que foi realizada na escola secundária D. Pedro V, em Lisboa, em que um dos estudantes se mostrou bastante interessado e que, anos depois, quando entrou no Instituto Superior Técnico implementou diversas medidas para travar o estacionamento “caótico” que impediam a circulação de veículos de socorro junto àquela universidade.
Em relação aos incêndios, Carlos Palhares frisou que grande parte deles podem ser evitados, sendo aqui que entra a prevenção, bem como saber atuar perante situações de perigo.
“Às vezes os incêndios têm início em situações estranhas. Nem sempre há curtos circuitos ou problemas elétricos”, avançou.
De acordo com o especialista, muitas vezes as mortes que acontecem em incêndios urbanos devem-se à inalação de fumos e não propriamente ao fogo em si, sendo essencial, “controlar o pânico quando há fumo”, já que “o fumo mata mais do que o fogo”.
“Quando tenho o que chamamos de combustível e fonte de ignição juntos aquilo pode dar disparate. Por exemplo, uma tomada elétrica com problemas, um cortinado que passa na tomada, se houver uma faísca a chama passa ao cortinado e dá-se o incêndio”, exemplificou.
Para Carlos Palhares, tudo passa por “prevenir ou evitar os incêndios, além das medidas de segurança implementadas “terem igualmente de ser cumpridas”, bem como a sinalética deverá estar colocada nos locais certos.
De acordo com o responsável, não faz sentido assistir-se a portas contrafogo a abrir para dentro, quando o reflexo da pessoa é de empurrar em situação de perigo, ou de sinalética que está muito bem posicionada e, no final, acaba por ir dar a uma parede da qual não há fuga possível.
Carlos Palhares recordou ainda a importância do papel das juntas de freguesia, depois de ter desaparecido a figura das brigadas de apoio local, que tinham como missão fazer uma primeira intervenção num bairro histórico antes da chegada dos bombeiros a uma situação de emergência.
“Caiu a legislação. E agora cabe às juntas de freguesia tomar conta desta população mais envelhecida no sentido que podem fazer o levantamento de onde se encontram os idosos acamados e aqueles com mobilidade reduzida para serem os primeiros a ser acudidos em casos de catástrofe”, explicou.
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