Foi registado um sismo em Santiago do Cacém, a 26 de agosto de 1966, com magnitude de 4.6 na escala de Richter, seguido de várias réplicas. O abalo aconteceu às 05h56, segundo a informação disponível no Catálogo Sísmico de Portugal Continental e Região Adjacente para o período 1961-1969.
Hoje, 58 anos depois, a terra tremeu, num sismo de magnitude 5.3 com epicentro a cerca de 60 km a oeste de Sines. O que poderia ser uma coincidência, por acontecer na mesma região, é facilmente justificável. Afinal, "toda a massa oeste ibérica, na zona do Alentejo, é sismicamente ativa", explica ao SAPO24 o geofísico Miguel Miranda.
Anos antes, a 11 de novembro 1858, foi registado um sismo seguido de tsunami entre Sines e Setúbal. "Foi mais energético do que o de hoje e causou a inundação da baixa de Setúbal", recorda.
"São estes sismos que vão do canhão de Setúbal a Vila Real de Santo António, nas costas oeste e sul, que levam à ideia de que podemos estar numa situação que geologicamente — não historicamente — pode constituir um aumento de atividade sísmica" no país, adianta o geofísico.
Sobre a coincidência da data entre 1966 e 2024, Miguel Miranda frisa que "a ciência precisa sempre de um bocadinho de magia, para as pessoas estarem com atenção".
"Claro que por ser no mesmo dia não quer dizer absolutamente nada, mas tem aquele pó, aquele elemento mais surreal que é sempre engraçado. E é engraçado porque não teve consequências, se tivesse consequências não tinha graça nenhuma", reforça.
Embora este tenha sido um sismo considerável, a verdade é que não foi o maior desde 1969, quando Lisboa sofreu um abalo de 7.9 na escala de Richter na madrugada de 28 de fevereiro. Entre 2007 e 2009, o Algarve já registou sismos de magnitude 6.0 — mas o desta segunda-feira foi de facto o "maior sentido em Lisboa e em Setúbal".
De recordar que os sismos são classificados segundo a sua magnitude como micro (menos de 2,0), muito pequeno (2,0-2,9), pequeno (3,0-3,9), ligeiro (4,0-4,9), moderado (5,0-5,9), forte (6,0-6,9), grande (7,0-7,9), importante (8,0-8,9), excecional (9,0-9,9) e extremo (superior a 10).
Contudo, é preciso relembrar que o sismo sentido esta madrugada não é de uma magnitude invulgar. "Ao longo da história do nosso país, de vez em quando, temos sismos com magnitude bastante elevada, com uma regularidade que, felizmente, não, acontece todos os dias. São eventos mais infrequentes”, afirmou à agência Lusa a sismóloga Susana Custódio.
Para a investigadora no Instituto D. Luiz, sismos como o registado hoje são, “do ponto de vista cultural”, importantes para as pessoas se recordarem que vivem num país onde há sismos, que tem falhas ativas e está próximo de uma fronteira de placa.
No dia em que o país acordou em sobressalto, recorde aqui como agir em caso de sismo.
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