“O Senhor Boochani foi reconhecido como refugiado ao abrigo da Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951 e do Protocolo de 1967″, informou em comunicado o Ministério da Imigração da Nova Zelândia. A decisão permite ao jornalista permanecer indefinidamente no arquipélago do Pacífico Sul.
Boochani chegou à Nova Zelândia em novembro, para participar num festival literário, onde falou sobre os seis anos de provação no controverso campo de refugiados australiano de Manus.
Há anos que a Austrália detém imigrantes em situação ilegal que chegam de barco ao país para campos ‘offshore’ nas ilhas de Manus ou de Nauru, na Papua Nova Guiné, prosseguindo uma política de imigração drástica, condenada por organizações de direitos humanos.
Jornalista de investigação curdo no Irão, Behrouz Boochani, de 37 anos, foi perseguido pelas suas reportagens e pelo seu apoio à independência curda, tendo fugido para a Austrália em 2013.
Boochani chegou à ilha Christmas, território australiano, em julho de 2013, e pouco tempo depois, em 27 de agosto, foi transferido para a ilha Manus.
Em julho desse ano, o então primeiro-ministro australiano indicou que nenhum requerente de asilo que chegasse de barco seria reinstalado na Austrália, mesmo sendo considerado refugiado.
O Governo australiano argumentou que as políticas eram necessárias para impedir tentativas perigosas de chegar ao país por via marítima.
O requerente de asilo escreveu um livro através da aplicação WhatsApp dentro do centro de detenção, onde foi mantido durante seis anos.
Com o título original “No Friend But the Mountains: Writing from Manus Prison” (“Sem amigos, apenas as montanhas: Escrevendo a partir da prisão de Manus”), a obra retrata a experiência do jornalista, escritor e ativista dos direitos humanos no centro de detenção australiano.
Em fevereiro de 2019, o escritor recebeu pela obra o Prémio Literário Victoria Premier da Austrália, atribuído por The Weeler Centre, na categoria de não-ficção.
Nos seis anos em que esteve preso, Boochani viu amigos a serem baleados, esfaqueados e assassinados por guardas do centro de detenção, e outros a morrer por negligência médica ou a mergulharem em angústia mental e suicídio.
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