A Procuradoria da Coroa [Crown Prosecution Service] identificou os dois homens como Alexander Petrov e Ruslan Boshirov e considera que existem provas suficientes para acusá-los de conspiração de homicídio de Sergei Skripal e tentativa de homicídio de Sergei e Yulia Skripal e do agente de polícia Nick Bailey.

São ainda considerados suspeitos do uso e posse de substâncias químicas ilegais, cuja origem as autoridades atribuíram à Rússia, onde o agente neurotóxico foi desenvolvido no âmbito de um programa militar nos anos 1970.

O anúncio de hoje é o resultado de uma investigação pela Unidade de Polícia de Contra-Terrorismo ao ataque registado a 04 de março em Salisbury, no sul de Inglaterra, que entregou o dossiê à procuradoria para avaliar a possibilidade de serem iniciados procedimentos criminais.

"Os procuradores da Divisão de Contraterrorismo do CPS consideraram as provas e concluíram que há provas suficientes para dar uma perspetiva realista de condenação e é claramente do interesse público acusar Alexander Petrov e Ruslan Boshirov, que são cidadãos russos", referiu, num comunicado.

As autoridades indicaram ainda que não vão pedir a extradição dos dois suspeitos a Moscovo porque a Constituição russa não permite a extradição de seus próprios nacionais e porque recusou pedidos de extradição em situações anteriores.

"No entanto, obtivemos um mandado de detenção europeu, o que significa que, se um dos homens viajar para um país onde o mandado de detenção europeu for válido, ele será preso e será extraditado para responder a essas acusações, para as quais não há prazo de prescrição", vincou.

Sergei Skripal, um britânico de origem russa com 66 anos, e a filha de 33 anos, Yulia, de nacionalidade russa, foram encontrados semi-inconscientes num banco de jardim na tarde de 04 de março, tendo-se apurado mais tarde que tinham sido envenenados com um agente neurotóxico de nível militar.

Depois de estarem hospitalizados em estado grave durante semanas, ambos tiveram alta, tal como o agente Nick Bailey, que também tinha sido contaminado pelo agente chamado ‘novichok', cuja origem as autoridades britânicas atribuíram à Rússia.

A investigação à tentativa de homicídio envolveu, nos últimos meses, 250 detetives de várias forças regionais, que realizaram 176 buscas e recolheram mais de 900 testemunhos em Salisbury, além de 1.230 agentes que assistiram nos cordões de segurança.

Foram visionadas mais de 4.000 horas de filmagens de videovigilância e enviados para análise no Laboratório de Ciência e Tecnologia de Defesa de Porton Down 851 elementos de prova, num total de mais de 2.300 recolhidas.

Na investigação sobre o ataque aos Skripal foi incluída a investigação por homicídio em 08 de julho da britânica Dawn Sturgess, de 44 anos, da localidade vizinha de Amesbury, também foi devido aos efeitos da substância química ‘novichok’.

A mulher foi contaminada após manusear um recipiente que continha o agente neurotóxico encontrado num local público, e que também afetou, mas de forma menos grave, o companheiro Charlie Rowley, incidentes que a polícia está convencida estão relacionados.

"Nós não acreditamos que Dawn e Charlie foram visados deliberadamente, mas tornaram-se vítimas como resultado da imprudência com que um agente nervoso tão tóxico foi descartado", acusou o comissário adjunto Neil Basu, responsável pela unidade de combate ao terrorismo.

Peritos da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) confirmaram que a substância era Novichok e que o mesmo tipo foi usado nas duas ocasiões.

As autoridades britânicas atribuíram a Moscovo a responsabilidade pelo ataque de março, expulsando uma série de diplomatas russos do país, à semelhança do que fizeram em solidariedade os EUA e outros países, ao que a Rússia respondeu com a expulsão de diplomatas ocidentais.

A identificação e acusação dos dois suspeitos russos será objeto de uma declaração da primeira-ministra, Theresa May, hoje no parlamento.

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