O Líbano é um país em crise económica. A dívida representa 150% do PIB, o que a torna a terceira mais elevada do mundo nestes termos. O país debate-se com um desemprego que está nos 37% para quem tem menos de 35 anos, problemas nos serviços públicos, corrupção e, esta semana, um incêndio alastrou na região montanhosa de Shouf.
A insatisfação crescente teve na quinta-feira um ponto de explosão com o anúncio de uma nova taxa pelo governo, desta vez sobre as comunicações por WhatsApp ou aplicações semelhantes. As ruas encheram-se de manifestantes, houve cânticos a lembrar a primavera árabe e foi pedida a demissão do primeiro-ministro Saad al-Hariri.
Na quinta-feira, em Beirute, os manifestantes concentraram-se em frente à sede do Governo que forçaram a recuar na taxa de 20 cêntimos nas chamadas realizadas por WhatsApp e aplicações semelhantes.
Sexta-feira foi o segundo dia consecutivo nas ruas contra a corrupção e as difíceis condições de vida e, na capital, escolas e comércio estiveram fechados.
O primeiro-ministro libanês deu ao governo 72 horas para apoiar suas reformas. "Os nossos parceiros no governo devem dar uma resposta clara e definitiva que seja convincente para mim, para os libaneses e para a comunidade internacional" para demonstrar que "todos nós optamos por reformas, para acabar com o desperdício e a corrupção", afirmou Saad Hariri.
Num discurso que teve transmissão na televisão e há muito aguardado, o primeiro-ministro disse que, se isso não acontecer, planeia fazer outro discurso findos esses três dias. Hariri responsabiliza os membros da coligação por impedir os esforços para avançar com as reformas.
Após o discurso, na noite de sexta-feira, ocorreram distúrbios violentos no centro de Beirute, onde a polícia utilizou bombas de gás lacrimogéneo para dispersar a multidão à frente da sede do governo. 52 polícias de choque ficaram feridos e ocorreram 70 detenções, informaram as forças de segurança no Twitter.
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