“Em primeiro lugar, queria dar os parabéns a Elisa Ferreira e desejar-lhe sorte no mandato para o qual foi nomeada”, afirmou Nuno Melo, em declarações à Lusa, salientando já ter trabalhado com a vice-governadora do Banco de Portugal no Parlamento Europeu num relatório sobre resolução bancária.
Garantindo a sua colaboração em tudo o que seja do interesse de Portugal e da União Europeia, Nuno Melo sublinhou, contudo, que “o cargo de comissário não depende de um nome apenas, depende fundamentalmente da pasta atribuída e das competências da pessoa escolhida para essa pasta”.
A esse propósito, o eurodeputado do CDS-PP defendeu que “a última escolha socialista para a Comissão Europeia foi simplesmente um desastre”, referindo-se a Jaime Silva, que entre 2001 e 2002 acumulou as funções de conselheiro principal na Representação Permanente de Portugal na Comissão Europeia e de porta-voz do Comité Especial da Agricultura do Conselho Europeu da Agricultura.
“Foi apresentado como particularmente especializado na área da agricultura e revelou-se um desastre para a agricultura em Portugal e até para a agricultura europeia”, considerou.
“A prudência recomenda esperar pela pasta que seja atribuída a Elisa Ferreira e pelo resultado do exercício desse mandato em relação ao qual, insisto, colaborarei em nome de Portugal e da União Europeia, mas também lançarei as críticas que entenda adequadas se existirem medidas que não estejam de acordo com aquilo que o CDS defende”, assegurou.
Questionado sobre o que poderá ser uma pasta adequada à futura comissária portuguesa, Nuno Melo apontou as relacionadas com a economia, atividade bancária ou fundos comunitários, salientando que há outras, como a do mar, que poderiam ser muito relevantes para Portugal, mas que não “são da competência de Elisa Ferreira”.
Nuno Melo salientou que, dado o momento sensível da União Europeia com a provável saída do Reino Unido, trata-se “de um dos mandatos mais importantes, relevantes e sensíveis” desde a fundação do projeto europeu.
“Da mesma forma que não aprecio particularmente homenagens póstumas – porque as pessoas já cá não estão para beneficiar do elogio devido – também não alinho nos elogios prévios e sem provas dadas”, reforçou.
O eurodeputado do CDS-PP aproveitou para deixar “um abraço” a Carlos Moedas, que irá cessar funções como comissário europeu, salientando a sua boa relação com todos os partidos, “independentemente da sua visão programática do projeto europeu”.
“Desejo lhe muita sorte nos desafios que terá no futuro, acredito que ainda terá muito a dar ao seu partido [PSD] e a Portugal”, afirmou.
O primeiro-ministro, António Costa, escolheu a ex-ministra Elisa Ferreira para comissária europeia e já o comunicou à nova presidente da comissão, disse hoje à agência Lusa fonte oficial do seu gabinete.
“O primeiro-ministro comunicou à presidente eleita da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o nome de Elisa Ferreira para integrar o colégio de Comissários da próxima Comissão Europeia”, afirmou à Lusa fonte oficial do gabinete de António Costa.
Segundo a mesma fonte, oportunamente a presidente eleita da Comissão Europeia comunicará a pasta atribuída à futura comissária portuguesa.
Elisa Ferreira foi ministra dos governos chefiados por António Guterres, primeiro do Ambiente, entre 1995 e 1999, e depois do Planeamento, entre 1999 e 2002, e ocupa, desde setembro de 2017, o cargo de vice-governadora do Banco de Portugal.
Elisa Ferreira sucederá a Carlos Moedas, que foi comissário indicado pelo anterior governo PSD/CDPP.
Carlos Moedas teve a seu cargo a pasta da Investigação, Ciência e Inovação e foi nomeado em novembro de 2014.
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