Um comandante da White Airways que realizou na terça-feira um voo pela TAP, de Madrid para o Porto, está infetado com o novo coronavírus.
A White Airways e a TAP "confirmam que um comandante da White Airways que estava ao serviço da TAP Express e que realizou o voo TP1007 Madrid-Porto do dia 10 de março, foi diagnosticado, no mesmo dia, com teste de coronavírus positivo pelo Hospital de São João, no Porto".
Questionada sobre o caso, Anabela Jorge, Diretora Clínica da TAP, disse em declarações ao Observador que as autoridades de saúde não solicitaram a lista de passageiros do voo por considerarem que o risco de contágio não justificava tal medida, já que o sistema de ventilação do cockpit é independente e o piloto não esteve em contacto com os passageiros.
Todavia, o co-piloto e a chefe de cabine que o assistiram durante o voo estão em isolamento.
Já sobre o pessoal de terra com quem o piloto se poderá ter cruzado, Anabela Jorge explicou que não houve contacto prolongado com esses profissionais.
A Diretora Clínica da TAP explicou que o piloto só foi diagnosticado à chegada e que, como ditam as normas, contactou-se com as autoridades de saúde e foi feita uma avaliação de risco, tendo depois sido encaminhado para o hospital.
Depois, em articulação com as autoridades de saúde aeroportuárias, foi identificada a tripulação. Como o piloto está no cockpit e o sistema de ventilação é independente, "a autoridade de saúde fez a sua avaliação de risco e não nos solicitou a lista de passageiros".
Anabela Jorge explicou que, ao contrário do que as pessoas possam pensar, "o avião não é um meio propício para a transmissão de doenças".
"É muito difícil a transmissão de doenças infeto-contagiosas a bordo" porque o ambiente é muito seco, a ventilação é feita por secções de mais ou menos quatro a cinco filas (dependendo do modelo da aeronave), o cockpit está separado do restante avião e são utilizados filtros cirúrgicos que têm "um crivo muito pequenino", capaz de filtrar vírus, incluindo o covid-19, disse.
Quando há uma suspeita a bordo, a tripulação tem indicações para colocar máscara ao passageiro e transportá-lo para uma zona do avião com menos pessoas. Caso isso não seja possível, são colocadas máscaras aos passageiros que estão próximo, entendendo-se como próximo nas duas filas para a frente e duas filas para trás.
Se a suspeita é validada, a autoridade de saúde pede a lista dos passageiros que viajaram nas duas filas para trás e duas para a frente. "É raro recebermos um pedido que seja para mais filas do que isso, a não ser que várias pessoas se tenham sentido mal" a bordo, explica Anabela Jorge, justificando a medida, mais uma vez, com o funcionamento da ventilação por secções a bordo das aeronaves.
Identificadas as pessoas, estas são depois contactadas pelas autoridades de saúde.
Já sobre as medidas de prevenção dentro dos aeroportos, as recomendações estão em linha com o que tem sido transmitido pela Direção-Geral de Saúde: Lavar frequentemente as mãos, manter o distanciamento social e não viajar doente.
"O vírus tem uma capsula de gordura e quando lavamos as mãos essa cápsula rebenta e o vírus morre. O contagio faz-se por proximidade. Se eu tiver na vida diária alguma afastamento e lavar as minhas mãos com frequência vou diminuir muito o risco de contrair a doença", explicou Anabela Jorge, acrescentando que podem parecer medidas "pouco sofisticadas", mas são as mais eficazes no combate à propagação da doença.
O número de pessoas infetadas desde dezembro pelo novo coronavírus no mundo aumentou para 125.293 e o número de mortes subiu para 4.600, segundo um balanço feito pela agência noticiosa France-Presse (AFP), com dados atualizados às 09:00 de hoje.
A OMS declarou na quarta-feira a doença Covid-19 como pandemia. A OMS justifica a declaração de pandemia com "níveis alarmantes de propagação e de inação".
Em Portugal, a Direção Geral da Saúde (DGS) atualizou na quarta-feira o número de infetados, que são 59.
Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-Geral de Saúde.
Face ao aumento de casos em Portugal, foi decretada a suspensão temporária de visitas em hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na região Norte, até agora a mais afetada.
Foram também encerrados alguns estabelecimentos de ensino, sobretudo no Norte do País, assim como ginásios, bibliotecas, piscinas e cinemas e foi recomendada a suspensão de eventos em espaços abertos com mais de 5.000 pessoas. Veja a lista de locais e eventos encerrados aqui.
O Governo português decidiu ainda suspender todos os voos com destino ou origem nas zonas mais afetadas pela Covid-19 em Itália, o país europeu onde o surto assumiu maiores proporções, tendo já provocado mais de 600 mortos.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) lançou um microsite sobre o novo coronavírus (Covid-19), onde os portugueses podem acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo e esclarecer dúvidas sobre a doença.
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