Putin anunciou que a Rússia chegou a acordo com a Bielorrússia para o armazenamento de armas nucleares no seu território. Recorde-se que o país "herdou", na sequência do colapso da União Soviética, uma infraestrutura nuclear, tendo devolvido todas as armas ao país vizinho em 1996. Hoje, tudo muda.

Putin fez questão de sublinhar que este novo acordo não viola as suas obrigações, nem o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, e aponta o dedo ao Ocidente: "Os Estados Unidos já fazem isto há décadas. Há muito que têm as suas armas nucleares em território de países aliados", disse, explicando que o que a Rússia está a fazer é precisamente o mesmo.

Moscovo, garantiu, já tem 10 aeronaves na Bielorrússia capazes de transportar armamento nuclear tático. A construção das instalações no país vizinho estará concluída a 1 de julho, data a partir da qual o armazenamento estará operacional.

Para Putin, esta decisão foi motivada pelo desejo de Londres de enviar munições de urânio empobrecido para a Ucrânia. O Presidente russo ameaçou também usar este tipo de munições se Kiev as vier a receber. "A Rússia, é claro, tem de responder. Temos, sem exagero, centenas de milhares dessas bombas. Mas não as estamos a usar, neste momento", disse.

Este acordo surge numa semana de muita discussão à volta das conversações no Kremlin entre Vladimir Putin e o presidente da China, Xi Jinping.

Putin admitiu que o plano de paz da China pode servir de base para resolver o conflito. Lula da Silva, obrigado hoje a adiar uma visita à China por causa de uma broncopneumonia, concordou.

Já o primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, manifestou-se dizendo que "o que a China propôs não é um plano de paz" para a Ucrânia, mas "um documento de posicionamento, daquilo que considera que é necessário para se conseguir alcançar a paz". E embora considere que há alguns "pontos de interesse" na proposta chinesa, insistiu que apoia o plano do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

A este propósito, fica em nota de recomendação o texto de opinião de José Couto Nogueira. Refletindo sobre como esta conversa pode ser considerada "a data simbólica em que a bipolarização passou a ser entre norte-americanos e chineses", dá que pensar sobre o lugar dos europeus como, neste momento, "simples espectadores".

*Com Lusa 

(Pesquisa e texto pela jornalista estagiária Raquel Almeida. Edição pela jornalista Inês F. Alves)

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