“Eu acho que nós estamos pior do que estávamos há quatro anos”.
“Estamos diferentes. Não estamos melhor”.
Por vezes um melhor início de um filme pode ser o fim, o desfecho. Sabemos que o desenrolar nos vai levar até ali, mas não sabemos a viagem episódica até ao momento em que os dois candidatos à liderança da JSD, ambos membros da atual direção, ela, Margarida Balseiro Lopes, secretária-geral, ele, André Neves, primeiro vice-presidente da Comissão Política Nacional Permanente, admitem que a ‘jota’ está pior do que estava há quatro anos, antes de Cristóvão Simão Ribeiro ter assumido a liderança da estrutura.
Episódio a episódio, o que eles disseram e como aqui chegaram.
Episódio I - A providência cautelar adiada
Foi o tema mais quente da campanha até hoje, e um dos primeiros tópicos a vir à tona no debate, pela voz de André Neves que, quando falava sobre a necessidade de voltar a credibilizar as juventudes partidárias, onde há vários militantes - incluindo dirigentes partidários, diz - à procura de emprego.
“Se queremos chamar os jovens temos que lhes dizer que aqui vale o mérito, vale a capacidade de cada um, não vale a busca do emprego”, dizia, antes de utilizar o exemplo do que aconteceu na concelhia de Lisboa — onde uma lista de delegados candidatos ao Congresso Nacional foi recusada, alegadamente, sem aparente razão — como algo que denigre a imagem da JSD, e recorrendo também a várias notícias passadas sobre Mafalda Cambeta, uma das principais apoiantes da sua adversária, e uma das responsáveis pelo chumbo da lista
“Se a resposta não surgir antes do Congresso, vamos recorrer aos tribunais civis” — André Neves
“São este tipo de coisas que prejudicam a imagem da JSD e a participação dos jovens que estão lá fora em relação à JSD, e esta mesma pessoa é a mesma que recusa uma lista candidata aos delegados ao Congresso na concelhia de Lisboa, que é a maior do país, sem fundamento para essa recusa. De que forma é que nós conquistamos estas pessoas que querem participar se nós fazemos este tipo de coisas, de golpes?", perguntou André Neves.
Margarida, que sempre se absteve de comentar o caso, respondeu apenas que “o caso concreto de Lisboa que está entregue aos órgãos próprios da JSD. Eu, ao contrário do André, acredito que as coisas de casa se tratam em casa e não quero de todo fazer da minha campanha uma política de casos e casinhos”. Depois, questionou o adversário acerca da providência cautelar com que a lista “É Tempo da JSD” ameaçou avançar para os tribunais civis. André insistiu no mesmo ponto: “ainda estamos para saber porque é que ela recusa uma lista em Lisboa, porque eu não entendo, só se for para pagar algum favor eleitoral”; e assumiu que a providência cautelar não será entregue à justiça civil antes de se esgotarem os meios internos.
“Se a resposta não surgir antes do Congresso, vamos recorrer aos tribunais civis”, sublinhou.
"A esmagadora maioria dos militantes da jota não têm tachos, não têm empregos e não são profissionais da política." — Margarida Balseiro Lopes
Episódio II: Isto aqui não é um centro de emprego
À visão de André sobre o oportunismo de alguns militantes, Margarida Balseiro Lopes diz sentir-se “ofendida” cada vez que o advogado evoca o termo. “É gravíssima a acusação que tu fazes à estrutura da JSD, aos 25 mil militantes. A esmagadora maioria dos militantes da jota não têm tachos, não têm empregos e não são profissionais da política. E sempre que tu dizes isso publicamente eu sinto-me ofendida, não por mim Margarida, mas por todos aqueles que dão a cara e que fazem parte da JSD, que têm o seu trabalho na estrutura, que não dependem da JSD para rigorosamente nada, que são estudantes, que são trabalhadores”.
Militante da Juventude Social Democrata desde os 15 anos, Margarida diz que esta é uma visão das juventudes partidárias que a própria não viveu, e que apenas conhece pelo que lhe é relatado de há 20 ou 30 anos. Nessa altura “havia muito mais gente que de facto vivia exclusivamente para a política”, afirma.
Episódio III: A meritocracia de André
André Neves defendeu no debate a necessidade de trazer pessoas de reconhecido mérito na sociedade para a JSD, de forma a credibilizar a estrutura. Nesse sentido evoca uma das medidas mais irreverentes da sua candidatura: o concurso para deputado.
Caso seja eleito presidente da JSD, “pelo menos um deputado, indicado para as listas da JSD, para as listas do Parlamento nas próximas legislativas vai ser encontrado através de concurso, entre os militantes, onde não conta o sítio onde esse militante nasce, onde não conta se ele foi presidente de concelhia, se ele foi presidente de distrital, se ele esteva na nacional. O que vai contar não é o número de votos que ele traz consigo, o que vai contar é o mérito, a capacidade, o mérito, o currículo”, sublinhou.
Episódio IV: A arte de (melhor) estagiar
“É importante não diabolizar os estágios profissionais, são verdadeiramente importantes”, afirmou Margarida Balseiro Lopes, que disse que o valor elevado de desemprego jovem se deve “ao facto de não existir um acesso ao emprego fácil para as novas gerações, e muitas daqueles que acabam por entrar [no mercado de trabalho] acabam a ganhar muito mal ou em estágios sucessivos sem algum tipo de capacidade de se autonomizarem”. “Nós assistimos ao flagelo que é ter várias gerações que têm todos os direitos do mundo e temos uma geração, que é a nossa, que não tem direitos nenhuns”, sublinhou a candidata.
Para contornar os 7,9% de desemprego jovem, a deputada social-democrata propõe uma redução da TSU nos primeiros anos, para que as empresas tenham verdadeiros incentivos à contratação, e ainda um alargamento em sede de IRS para a criação líquida de postos de trabalho.
Já André Neves aborda o problema noutra lógica, não a de beneficiar a empresa mas sim o jovem, fazendo com que ele possa levar os benefícios de contratação consigo e que estes não se esgotem numa primeira experiência.
“Temos de perceber porque é que temos a concelhia de Beja inativa, temos que ir ao terreno. Sair das paredes da Assembleia da República e ir lá, perceber o que é que se passa” — André Neves
Episódio V: Beja, o baluarte da descentralização
A concelhia de Beja da JSD está inativa há vários anos e a sua reativação é um dos grandes objetivos de ambas as candidaturas.
“Temos de perceber porque é que temos a concelhia de Beja inativa, temos que ir ao terreno. Sair das paredes da Assembleia da República e ir lá, perceber o que é que se passa”, afirmou o candidato André Neves.
Margarida respondeu relembrando que a primeira coisa que fez na JSD “foi reativar uma concelhia que estava inativa há muitos anos”, a da Marinha Grande, afirmando ter feito essa descentralização enquanto secretária-geral ao ter percorrido mais de 100 concelhias e mais de 100 escolas por todo o país em inúmeras iniciativas.
Episódio VI: Os louros que ele queria e não teve
"Não quero ser conhecida como a primeira mulher a estar à frente da JSD, quero ser conhecida como a melhor presidente de sempre da JSD" — Margarida Balseiro Lopes
“Se há pessoa que também foi responsável por um dos melhores ou dos maiores momentos que a JSD fez nos últimos anos fui eu, e também as pessoas de Aveiro, na campanha, por exemplo, o 'Somos todos humanos', em que fomos todos juntos à Grécia”, disse André apontando para Margarida, acusando-a de seguida de, sozinha, ter recolhido os méritos dessa mesma visita quando o seu nome nunca foi citado nas notícias, ao mesmo tempo que exibia alguns recortes de jornal durante o debate.
Relembrando uma das frases que mais têm marcado a campanha da sua adversária - “Não quero ser conhecida como a primeira mulher a estar à frente da JSD, quero ser conhecida como a melhor presidente de sempre da JSD” -, André afirmou que era importante inverter os papéis: “Eu quero que a JSD seja conhecida, quando eu sair da JSD, como a melhor JSD. Não sou eu que interesso. Não é o André que interessa que fique para a História, é a JSD”, rematou.
Episódio VII: A Margarida não escolheu nascer mulher
“Para mim, não é fator de motivação ou fator de mobilização da campanha o facto de eu ser mulher”, começou por dizer a jovem natural da Marinha Grande, que rejeitou que a iniciativa da JSD de ajuda com géneros e donativos a um campo de refugiados na Grécia tivesse uma só cara, defendendo que resultou do trabalho conjunto de todos.
A jovem deputada refutou a frase invocada no debate voltando a apelar ao facto de não querer que a sua e candidatura não se foque no facto de ser mulher, mas sim nas suas ideias.
Episódio VIII: O acordo e desacordo na educação
“Abrir uma percentagem neste concurso de acesso [ao ensino superior] às próprias universidades, em moldes a definir pelas próprias” — André Neves
A possibilidade de os Institutos Politécnicos atribuírem doutoramentos tem sido um tema na espuma dos dias. Ambos os candidatos afirmaram ser a favor deste acréscimo de competências aos institutos de ensino superior virados para o ensino técnico.
“Para mim, a prioridade é que não interesse a natureza jurídica do estabelecimento de ensino onde é dado esse doutoramento. O que interessa é que seja garantida qualidade”, afirmou Margarida.
Já André Neves defendeu que há problemas de maior urgência antes de se chegar aí. “O nosso modelo de ensino não acompanhou a evolução da sociedade, do mercado de trabalho, que está desadequado a isso”.
Uma das medidas que o candidato, também presidente da distrital de Aveiro da JSD, apresenta é “abrir uma percentagem neste concurso de acesso às próprias universidades, em moldes a definir pelas próprias”.
Uma proposta a que Margarida Balseiro Lopes se opôs imediatamente: “colocar nas universidades e nos politécnicos o recrutamento dos alunos é fazer exatamente o oposto daquilo que nós sempre defendemos, que é democratizar o acesso ao ensino superior. O concurso nacional de acesso permite seres colocado pela média que tens, se tu dependeres das candidaturas individuais às universidades e aos politécnicos, aquilo que tu estás a fazer é restringir”.
Episódio IX: Educação, o baluarte da Margarida
No campo da educação, Margarida Balseiro Lopes sublinhou três medidas do seu programa que vão para além de um olhar sob o ensino superior: "o ensino de programação no terceiro ciclo, a substituição gradual dos manuais escolares tradicionais por modelos didáticos e interativos digitais e a terceira, que eu sei que é mais polémica, que é a avaliação dos professores também feita pelos alunos da escola".
Episódio X: Habitar, o tema em que ambos fizeram o obséquio de discordar
Sobre o tema de devolver os centros das cidades aos jovens, com o exemplo de Lisboa como transversal, Margarida reclamou para si a responsabilidade do aumento do financiamento de 12 para 18 milhões de euros do projeto de apoio ao arrendamento jovem Porta 65, e defendeu ainda “a possibilidade de no IRS deduzir todas as despesas que tens com habitação”, e ainda “uma aproximação entre aquilo que são os arrendamentos de longa duração, que são [tributados] perto de 30%, que é uma taxa elevadíssima, e o alojamento local, que tem uma taxa de tributação efetiva na ordem dos 10%. Porque esta é uma forma de incentivar os proprietários a colocar as suas casas no arrendamento de longa duração”.
André afirmou que hoje temos “uma plataforma americana que invade os nossos centros urbanos e que delimita aquilo que é a capacidade dos jovens de se inserirem nesses mesmos centros urbanos. Centros de cidade sem jovens são centros de cidade sem vivacidade, sem vitalidade”. E propõe uma visão mais ousada: em vez uma aproximação entre a tributação do regime de arrendamento de longa duração e de alojamento local, colocar a primeira abaixo da segunda.
Tal visão implicaria um choque fiscal, com uma taxa no arrendamento de longa duração a cair mais de 20%, uma medida que Margarida considerou “pouco séria”, explicando que “o desgaste associado a uma casa em alojamento local é totalmente diferente daquele que é o arrendamento de longa duração”.
Episódio XI: Quotas, um meio para atingir um fim
“Acho que as mulheres têm um papel a desempenhar não só na política, na sociedade em geral, muito importante. As mulheres não podem é ter nenhuma diferenciação negativa dentro daquilo que é o nosso desenvolvimento social. As mulheres têm de se valer pelo mérito. As quotas são necessárias enquanto nós tivermos uma sociedade desadequada ao que é a participação efetiva das mulheres nos órgãos decisórios e depois disso deixa de fazer sentido as quotas existirem”, defendeu André Neves.
Já Margarida, que no dia 15 de abril pode tornar-se na primeira mulher a liderar a JSD, assume a “preocupação, nas listas que vou constituir, de ter as mulheres e os homens mais capazes a representar os militantes da JSD nos órgãos nacionais”. “Mas também é importante perceber que é fundamental dar essa possibilidades e muitas das vezes essas oportunidades não surgiram”, sublinhou.
Episódio XII: Um referendo à canábis
Se para um lado a legalização da canábis para fins medicinais é uma “não questão” para Margarida Balseiro Lopes, “porque para fins terapêuticos já é possível, pedindo autorização ao Infarmed que seja comercializado um determinado medicamento com recurso à canábis”, assumindo, no entanto, ter discordado da forma como o Bloco de Esquerda levou o tema ao Parlamento — foi uma forma “encapotada de passar da canábis para fins medicinais para fins recreativos”, acusou —, André recusa assumir uma posição que possa condicionar a estrutura a que se candidata à liderança. Para o aveirense, a solução é referendar.
Mas o jovem de 28 anos não se fica por aqui e apresenta este meio de decisão, de consulta da estrutura, como plataforma de debate para vários temas, "da robotização da condição humana à questão da engenharia genética”.
E eu acho que nós estamos pior do que estávamos há quatro anos” — André Neves
Episódio XIII: Uma JSD que “está pior” ou que pelo menos “não está melhor”
E eis que ao décimo terceiro episódio, no número do azar, chegamos ao início. Questionados sobre que balanço fazem destes últimos quatro anos da JSD, André Neves foi o primeiro a responder: “Eu tenho feito um balanço através dos números para percebermos o estado em que estamos. A verdade é que a JSD há quatro anos tinha 50 mil militantes, hoje tem metade. Tem 25 mil militantes. As concelhias inativas aumentaram drasticamente. A distrital de Beja, que se mantém inativa, também. Nós comunicamos muito pouco com os nossos militantes, eles recebem zero sms nossas, zero newsletter, zero cartas da própria JSD. Recebem a carta do PSD para pagar quotas e pouco mais. Eu acho que nós temos de trazer a JSD para a era digital, para uma comunicação melhor. Eu acho que, claramente, estes números mostram que nós não estamos tão bem como desejaríamos estar. Agora a questão que se coloca aqui é se de há quatros anos para cá nós estamos melhor ou pior. E eu acho que nós estamos pior do que estávamos há quatro anos”.
“Estamos diferentes. Não estamos melhor” — Margarida Balseiro Lopes
Margarida não foi tão derrotista. Relembrou, também, o que de bom foi feito - “uma volta às escolas como nunca tinha sido feita, em que nós fomos dar formação cívica para a porta das escolas de uma forma altamente interativa, na luta que travámos relativamente ao corporativismo nas horas profissionais, em especial na Ordem dos Advogados. Foi a JSD que evitou que houvesse o maior aumento de sempre das refeições no ensino superior e do preço do alojamento das residências, foi graças à JSD que aumentámos de 12 para 18 milhões de euros o financiamento do Porta 65.
Mas admite que “houve algumas coisas que não funcionaram bem”. Se estamos melhor ou pior? “Estamos diferentes. Não estamos melhor”, admitiu, por fim, e após insistência do adversário.
Episódio XIV: Onde é que tu estiveste?
Nas caixas de comentários, os militantes, simpatizantes ou simplesmente interessados, questionavam o porquê de ambos se estarem a candidatar quando admitiam que em quatro anos a Juventude Social Democrata não tinha melhorado.
“Aquilo que nos distingue é que eu assumo a minha quota-parte de responsabilidade em tudo o que de bom e de mau foi feito na estrutura, sabendo que houve erros, naturalmente. E tu André, às vezes pareces o Bloco e o PC na Geringonça: sempre que há alguma coisa boa foste tu, sempre que há alguma coisa má é dos outros. Preferencialmente, se for a Margarida é o ideal. Não é uma postura muito correta”, afirmou Margarida Balseiro Lopes, que acusou o seu adversário de ter sido um “vice-presidente fantasma”.
“Eu volto a dizer, eu em alguns dias de campanha, da tua boca, ouvi mais ideias do que em quatro anos de Comissão Política Nacional da JSD”, rematou.
“É difícil Margarida, porque nos últimos quatro anos de mandato tivemos seis reuniões da Comissão Política permanente”, retorquiu André.
"Tu foste um vice-presidente fantasma" — Margarida Balseiro Lopes
“André, eu nunca te vi a fazer nenhuma proposta. E tu vais falar com os teus colegas da Comissão Política Nacional e pouca gente se lembra de tu teres falado e pouca gente se lembra de tu teres dito qualquer coisa”, voltou a sublinhar Margarida.
“O meu trabalho não se cinge só à Comissão Política Nacional, cinge-se também ao trabalho que eu fiz no meu distrito onde atualmente sou presidente da distrital. Eu não me cinjo também aquilo que são as propostas. Eu apresento contas, a JSD não se cinge só à Comissão Política Nacional, a JSD é muito mais do que isso. São as concelhias, são as distritais, o trabalho que cada um faz nesses sítios. E mais do que isso, eu enquanto vice-presidente não tinha nenhuma função estatutária atribuída. Eu não estava em Lisboa, eu não estou na política a 100% como está a Margarida. Eu tenho o meu trabalho, eu vivo a 300 km de distância. Nós tivemos seis reuniões de permanente em quatro anos de mandato. O que é que alguém pode fazer em seis reuniões?”, insistiu André.
“A JSD não se resume às atividades onde tu estiveste, a JSD é muito mais do que isso e vai muito para lá da atividade que tu fazes no parlamento e na Comissão Política Nacional” — André Neves
E Margarida respondeu: “André, se tu tivesses ido a todas as reuniões de Comissão Política Nacional Permanente, por exemplo, à última, saberias que neste momento está a ser preparado o site onde aquilo que tu dizes que não existe, vai aparecer antes do congresso nacional da JSD. A verdade é que enquanto andavas entretido, sei lá eu a fazer o quê, nós andávamos — eu, os secretários-gerais adjuntos, os vogais suplentes e os vogais — a preparar os aniversários da JSD, as voltas às escolas, o encontro de estudantes, o encontro sobre coesão territorial, a reflexão sobre a eutanásia... tudo iniciativas em que tu raramente colocaste os pés. Portanto, se tu me perguntas o que é que eu andei a fazer, a resposta é pública. A pergunta é onde tu andaste”.
“Eu andei a trabalhar, vivo a 300 quilómetros de distância de Lisboa, onde tu vives e fazes política a 100%”, respondeu André.
“Tu foste um vice-presidente fantasma”, retorquiu a sua adversária.
“A JSD não se resume às atividades onde tu estiveste, a JSD é muito mais do que isso e vai muito para lá da atividade que tu fazes no parlamento e na Comissão Política Nacional”, sublinha André.
“Aquilo que eu fiz na estrutura é público, eu não estive só no Parlamento, eu não estive só em Lisboa. Sou deputada há dois anos e meio e antes disso era consultora fiscal e sempre conciliei tudo. Sempre tentei fazer o meu melhor fosse na minha atividade profissional, fosse na distrital de Leiria, fosse na nacional da JSD. O que fica evidente é que tu só consegues fazer uma coisa boa. És eventualmente um bom advogado, dirigente nacional não foste”, concluiu a deputada.
Desafiados a destacar o que de melhor encontram um no outro, Margarida sublinhou a determinação de André, e o aveirense escolheu a palavra "trabalhadora" para caracterizar a sua adversária.
E assim se chegou ao fim. No XXV Congresso, entre os dias 13 e 15 de abril, na Póvoa de Varzim, os jovens militantes vão eleger o seu novo presidente.
Artigo corrigido às 21h38, com a correção da frase "Sou deputada à dois anos" para "Sou deputada há dois anos".
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