"Eu agora vou lá daqui a uns dias outra vez, e depois volto lá no final de novembro. Depois vou passar o Natal, quer em Pedrógão, quer na zona agora ardida - aí provavelmente o fim do ano. Portanto, eu não largo. Eu já disse o seguinte: o Governo tem menos de dois anos para resolver o problema", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado teve esta conversa no mercado da Graça, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, onde andou quase uma hora, sempre rodeado de gente, a quem distribuiu beijos, abraços, apertos de mão e fotografias, numa visita acompanhada pelo presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro.
No final do percurso pelo mercado, o Presidente da República foi abordado por um homem que lhe fez um pedido: "O senhor não se canse de ir lá ter com aquela gente, os nossos amigos que têm sofrido com os fogos".
"Não, estou lá sempre, sempre", respondeu-lhe Marcelo Rebelo de Sousa. "Eu nem imagino. Deus o abençoe", declarou o açoriano.
Depois, o Presidente da República referiu que já avisou que há "menos de dois anos para resolver o problema", e acentuou que o tempo é pouco: "O Governo e este parlamento só duram agora mais um ano e dez meses, têm de resolver o problema".
"Deus lhe dê saúde", retorquiu o cidadão.
À chegada ao mercado da Graça, o chefe de Estado foi recebido com palmas e, durante a visita, foi saudado com palavras de apoio como "continue assim", "mantenha-se em forma" ou "Deus o ajude sempre a levar a gente para a frente".
Marcelo Rebelo de Sousa congratulou-se em especial com as palavras de uma mulher que lhe disse que "é muito paciente".
"Aí é que acertou: muito paciente. Olha que é bem visto: muito, muito paciente", concordou o Presidente, ouvindo em resposta: "É preciso paciência com ele, paciência, e muito boa vontade. Tenho muito carinho por si".
"E boa vontade. Ora, até que enfim que alguém me compreende. Exatamente: muito paciente", comentou o chefe de Estado.
Houve também quem só quisesse beijar o Presidente ou tirar uma foto: "Eu só quero um beijinho", disse-lhe uma mulher. "Já agora, a gente quer um beijo", afirmou outra, mais à frente.
O Presidente da República ouviu também uma queixa de um homem em cadeira de rodas, Gilberto Sousa, de 70 anos, deficiente das Forças Armadas, que lhe contou que tem a mulher doente e nenhum apoio do Estado: "A minha esposa está doente e não tem apoios de ninguém".
"Mas não tem apoios da Segurança Social?", perguntou Marcelo. "Não, porque ela nunca trabalhou para tomar conta de mim", explicou o homem, a quem o Presidente então pediu que deixasse o seu nome e contacto, para se inteirar da situação.
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