A técnica minimamente invasiva para implante de uma válvula aórtica foi introduzida em Portugal há mais de dez anos e constitui, para alguns doentes, a única opção.
A estenose aórtica é uma doença que afeta cerca de 32 mil portugueses, sobretudo acima dos 70 anos, limitando as suas capacidades e qualidade de vida.
Se não for detetada a tempo, esta doença pode ter um desfecho fatal, uma vez que a válvula aórtica vai tornar-se cada vez mais estreita, impedido o fluxo sanguíneo para fora do coração, explica a Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular. Os sintomas são cansaço, dor no peito e desmaios.
"Finalmente, foram aqui [CHUC] reunidas as condições para tratar os doentes com estenose aórtica na região Centro", refere Marco Costa, cardiologista que liderou a equipa multidisciplinar que operou o doente de 92 anos.
O médico, que é também coordenador do laboratório de hemodinâmica do CHUC, acrescenta que espera, daqui para a frente, "dar resposta aos vários doentes que aguardam este tratamento e que, doravante, terão um acesso em proximidade a esta equipa que realizou mais um procedimento altamente diferenciado por cateterismo, o que possibilita uma rápida recuperação dos doentes".
Rui Campante Teles, coordenador do Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção (RNCI) da APIC (Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular) explica que o implante da válvula aórtica percutânea é um procedimento minimamente invasivo, por cateter.
"Em diversos doentes tem vantagens em relação à cirurgia de peito aberto, constituindo nalguns a única opção uma vez que diminui os riscos relacionados com o tratamento. Esta técnica é considerada o grande avanço da cardiologia da última década", refere Campante Teles.
Segundo os dados do RNCI, em 2019 foram realizados 746 VAP, o correspondente a uma média de 72 procedimentos por milhão de habitante, ainda inferior à maioria dos países europeus.
Em Portugal, estes procedimentos minimamente invasivos da válvula aórtica estão disponíveis nos sete centros cardiológicos médico-cirúrgicos do Serviço Nacional de Saúde: Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho, Hospital de São João, CHUC, Hospital de Santa Marta, Hospital de Santa Cruz, Hospital de Santa Maria e Hospital do Funchal.
Os procedimentos estão ainda disponíveis em vários centros privados, de acordo com uma nota da APIC divulgada hoje.
A associação está a promover a campanha Corações de Amanhã, para aumentar a "consciencialização" dos cidadãos para a estenose aórtica.
"Acreditamos que, com esta iniciativa, que conta com o Alto Patrocínio do Presidente da República, temos a oportunidade de unir esforços entre todos, que possam contribuir para melhorar a qualidade de vida das pessoas acima dos 70 anos", afirma João Brum Silveira, presidente da APIC.
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