Hoje mais de 100 concelhos do continente apresentaram um risco máximo de incêndio, um risco que vai manter-se elevado em algumas regiões, pelo menos, até sábado. No entanto, apesar do calor e vento, dois dias depois, foi dado como dominado o grande incêndio rural em Castro Marim, que destruiu uma área de com 6.700 hectares e que, para alguns moradores, reavivou a memória do fogo de 2004.
Porém, dominado não significa extinto, mas para já não é expectável que o fogo saia do perímetro de 43 quilómetros. As equipas no local passarão depois à consolidação da extinção e ao rescaldo.
O incêndio, que deflagrou na madrugada de segunda-feira, na freguesia de Odeleite, estendeu-se aos municípios vizinhos de Vila Real de Santo António e de Tavira, obrigando à retirada de cerca de 80 pessoas das suas habitações e a evacuar um canil, com quase 200 animais.
A secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, considerou "bastante positivos" os resultados do combate ao incêndio, que poderia ter atingido os 20.000 hectares ardidos.
Entre as vítimas do incêndio ficam 14 animais que morreram carbonizados num “abrigo ilegal”, no concelho de Vila Real de Santo António. Até ao momento, não se conhecem os motivos pelos quais não foram resgatados. A denúncia foi feita pelo PAN, que está a preparar uma queixa ao Ministério Público.
"Mais um episódio com um desfecho trágico”, refere Inês Sousa Real, "pouco mais de um ano volvido desde a morte de cerca de 80 animais no incêndio de Santo Tirso".
Quanto ao combate às chamas, esse não ficou apenas nas mãos dos bombeiros. Segundo o presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Francisco Amaral, a povoação de Pisa Barro, onde os bombeiros não conseguiram chegar, lutou “com garra enorme”, foram “heróis que combateram o fogo, defendendo as suas casas”, desde os mais novos aos mais velhos.
Portugal contou ainda com a ajuda da União Europeia para a monitorização do incêndio, mais precisamente com ajuda do Programa de Observação da Terra - Copernicus, que faculta serviços de informação com base na observação por satélite e de sistemas de medição terrestres, aéreos e marítimos comunicados à Proteção Civil portuguesa.
Temperaturas altas, humidade baixa e vento forte têm feito com que os países do mediterrâneo estejam a ser muito afetados pelos incêndios. E são estes factores que alimentam dois novos fogos perto de Atenas, na Grécia, pelo segundo dia consecutivo. Oito aldeias a norte da capital foram evacuadas, enquanto a sul um outro fogo não dá tréguas aos bombeiros. Desde o final de julho, na Grécia, atingida por uma onda de calor no início de agosto, já arderam cerca de 103.000 hectares, destruindo campos agrícolas, habitações e provocando a morte a um bombeiro voluntário.
Em Espanha, os bombeiros combatem pelo quatro dia consecutivo um incêndio em Ávila, a 100 quilómetros de Madrid, onde mais de mil pessoas foram forçadas a abandonar as casas. Arderam já 15 mil hectares e o combate às chamas é feito por cerca de mil bombeiros, ajudados por moradores.
O sul de França também é uma das áreas recentemente afetadas. Durante a madrugada, ventos fortes impediram os bombeiros de dominar as chamas que deflagraram a 50 quilómetros de Saint Tropez. Alimentado por ventos fortes, o fogo consumiu cerca de cinco mil hectares de floresta, na manhã desta terça-feira, na Riviera Francesa. As autoridades evacuaram a área e seis mil pessoas foram obrigadas a deixar as casas ou alojamentos onde se encontravam de férias. Um parque de campismo ficou ainda completamente destruído.
Para trás, estes incêndios deixam um rasto de destruição nos hectares ardidos e o sofrimento das populações afetadas.
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