“Sei a angústia que é partilhada por um grande número de habitantes da nossa cidade, desde estas últimas noites, face aos acontecimentos verificados. No sábado 01 de julho, uma imensa emoção percorreu Nanterre, no momento do funeral de Nahel no cemitério do Mont-Valérien. A família pediu-nos para não assistir e evidentemente respeitámos esse pedido”, indicou Patrick Jarry, num comunicado.
Na mesma nota, o presidente do município agradeceu ainda à família e próximos que organizaram a cerimónia fúnebre “apesar da sua imensa dor, com grande dignidade”, e ainda à mesquita Ibn Badis e crentes “que contribuíram com muita eficácia ao bom desenrolar da cerimónia fúnebre na qual participou uma considerável assistência”.
Patrick Jarry agradeceu igualmente aos funcionários municipais, e em particular, como frisou no comunicado, “ao nosso serviço da tranquilidade pública com os seus mediadores” pelo apoio fornecido.
“Após esta cerimónia, a família apela ao fim das violências. Peço a toda a população de Nanterre que apoie esta mensagem e que atuem para que seja respeitada”, concluiu o autarca.
A avó de Nahel Merzouk, o jovem francês com origens magrebinas que foi morto pela polícia nos arredores de Paris, apelou hoje aos manifestantes que parem com os confrontos, após cinco noites consecutivas de tumultos.
“Quero que tudo isto acabe. Peço às pessoas que estão a destruir coisas que parem. Não destruam as escolas”, afirmou a avó de Nahel, identificada como Nadia, em declarações ao canal BFMTV.
Nadia acusou parte dos manifestantes de estar a usar a morte do neto como uma desculpa para destruir o país.
“Não destruam as escolas, não destruam os autocarros”, reforçou.
No entanto, condenou as manifestações de apoio ao polícia que disparou contra o jovem, na terça-feira, em Nanterre.
O colunista Jean Messiha, que apoiou a candidatura presidencial de extrema-direita de Éric Zemmour, em 2022, depois de ter passado pela Frente Nacional de Marine Le Pen, iniciou uma angariação de fundos para a família do agente que já terá recolhido 700.000 euros segundo os promotores, sublinhando que este se limitou a fazer o seu trabalho e que “está a pagar um preço alto” pela sua ação.
Esta iniciativa “parte-me o coração”, apontou Nadia, culpabilizando o agente pela morte do neto.
Em paralelo, uma coleta em favor da família de Nahel garantiu 108.900 euros, de acordo com os números registados na tarde de hoje.
“Nahel, de 17 anos, morreu em condições de extrema violência. Deixa uma mãe desfeita pela perda do seu único filho. Necessita do nosso apoio para enfrentar os grandes desafios que a esperam”, aponta a petição.
Entretanto, o Governo francês pediu hoje para que se evitem generalizações sobre a polícia francesa e garantiu que, em caso de abuso, a justiça investigará.
“É preciso ter cuidado para não se fazerem generalizações com base numa situação específica. Esta é a mensagem, penso eu, que as nossas forças de segurança que estão mobilizadas no terreno precisam de ouvir”, defendeu o Governo francês, segundo declarações do porta-voz do executivo, Olivier Véran, ao canal público FranceInfo.
Nahel, de 17 anos, foi morto pela polícia na sequência de uma operação de controlo de trânsito em Nanterre.
O Ministério Público disse que o jovem estava a conduzir na faixa dos autocarros, tendo sido mandado parar pela polícia, mas não obedeceu à ordem.
Um dos agentes disparou contra Nahel, atingindo-o no braço e no peito.
O agente da polícia suspeito da morte do jovem está acusado de homicídio e em prisão preventiva.
As cerimónias fúnebres de Nahel decorreram no sábado, em Nanterre, com um velório privado, uma cerimónia na mesquita e o enterro num cemitério local, onde compareceram várias centenas de pessoas.
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