Os portugueses sentem que o pior da pandemia já passou, com 66% a referir que se sentem confortáveis em participar em atividades independentemente do uso da máscara e apenas 5% a evitarem sair de casa, segundo um estudo divulgado esta terça-feira pela Boston Consulting Group (BCG).
“Hábitos do Consumidor Português” é uma investigação onde são analisadas as perspetivas dos portugueses sobre o futuro da pandemia, assim como a forma como o seu quotidiano foi afetado nas áreas das atividades essenciais e lazer, de poupança e despesa, de hábitos digitais, de habitação e trabalho e de saúde, e de sustentabilidade.
No que diz respeito a questões financeiras, o estudo diz-nos que apesar da acumulação de riqueza ter abrandado durante a pandemia, com uma taxa de crescimento médio anual de três por cento em 2015-2019, a comparar com os dois por cento em 2019-2020, e de uma considerável parte da população ter sido impactada financeiramente, 41% dos portugueses conseguiram poupar mais do que em anos anteriores.
A maioria diz que vai guardar esse dinheiro para usar no futuro, 31% diz que o pretende usar para viajar, uma das atividades mais condicionadas nestes últimos dois anos, 28% quer investir num imóvel e 26% considera investir em produtos financeiros.
Durante o período de pandemia propriamente dito, assistiu-se a uma quebra do rendimento dirigido a despesas em restauração ou vestuário e a um aumento de gastos em veículo pessoal, educação e soluções de investimento.
No que diz respeito à alteração de hábitos, o estudo assinala a tendência de abandonar o dinheiro físico e a penetração do canal digital no setor bancário através, sobretudo, de online banking (23%) e de aplicações móveis (21%). Mais de metade das pessoas pagou em dinheiro com menor frequência, 20% passou a utilizar MB WAY e 13% começou a utilizar a aplicação do próprio banco.
No que diz respeito às atividades essenciais e de lazer, os portugueses olham para o futuro com vontade alterar os seus comportamentos face ao período pré-pandemia com 43% das pessoas a desejar estar mais tempo com a família, 38% a pretender fazer mais compras online, 34% a planear utilizar menos transportes públicos e 47% a revelar que irá com menor frequência a discotecas.
Os confinamentos e as precauções com o distanciamento social, os consumidores passaram mais tempo em redes sociais e a percentagem de pessoas que as utilizaram durante mais de uma hora por dia aumentou perto de 10%, quando comparado com o período pré-pandemia. O mesmo movimento foi registado na utilização de plataformas de streaming, como Netflix ou HBO, com a percentagem de pessoas que utilizaram estes serviços mais de uma hora por dia a chegar aos 53%, aproximadamente mais 15% acima do registado em período pré-pandémico.
As viagens estão também no horizonte dos portugueses. Após quase dois anos de incerteza em relação ao impacto da pandemia nos voos e nas restrições de chegada e partida, 56% dos inquiridos espera viajar mais no pós-pandemia do que anteriormente, e 79% imagina-se mesmo a fazer uma viagem no próximo ano.
O trabalho não passa ao lado destas mudanças, com 64% da população a afirmar sentir-se confortável ou indiferente a trabalhar presencialmente e apenas 36% a preferir um modelo totalmente presencial. Esta preferência por modelos com componentes remotas pode estar relacionada com três sentimentos gerais, nomeadamente o de 31% das pessoas sentirem que são mais produtivas a trabalhar de forma totalmente presencial, a vontade de utilizar o tempo livre “extra” para estar com a família (58%), cuidar da casa (49%) e praticar desporto (45%).
Os novos modelos de trabalho têm levado muitos trabalhadores a ponderam mudar-se para outras regiões, fora das grandes metrópoles, nomeadamente de Lisboa e Porto. O estudo refere que 45% dos portugueses quererem mudar de residência e procurar uma melhor qualidade de vida, uma habitação maior, devido à troca de emprego ou para baixar o custo de vida. No entanto, apenas 16% conseguiu fazê-lo durante a pandemia.
Este estudo foi realizado entre 18 e 22 novembro de 2021. Foram inquiridos mil portugueses "de todas as idades, géneros e regiões para compreender como estes alteraram e esperam alterar os seus hábitos de consumo e vivência num futuro próximo, devido à Covid-19".
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