Hoje é o primeiro de 15 dias de estado de emergência em 121 concelhos do país. Talvez sem darmos por isso, entre a meia-noite e as cinco da manhã estivemos impedidos de sair de casa. Às 23 horas voltamos a ser obrigados a recolher. Os dias como os conhecemos encolheram, outra vez.
No fim de semana, talvez note mais o impacto desta medida, uma vez que o recolher começa às 13h. E escrevo para o geral, mesmo que estejamos a falar menos de metade dos concelhos de Portugal, porque falamos dos locais de residência de 70% da população.
Se hoje acordámos também a conhecer as exceções para podermos sair de casa nestes horários e talvez sentindo-nos menos sufocados (sim, podemos ir trabalhar, passear o cão ou ir ao supermercado), o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde lembrou-nos que este não é tempo para 'chico espertismo' sobre como procurar 'buracos' para contornar as normas impostas e fugir de casa para ir dar uma volta ou para nos juntarmos a amigos e família, ou não tivesse o número de óbitos sido o mais alto de sempre desde o início da pandemia.
Nas últimas 24 horas morreram 63 pessoas e foram registados 4.096 novos casos de infeção. Há mais 129 pessoas internadas, devido à Covid-19, 2.651 no total, e 13 em Unidades de Cuidados Intensivos, 391 no total.
A região Norte do país é a que mais sofre com a segunda vaga: 2.265 novos casos e 33 óbitos. Em Lisboa e Vale do Tejo, para os mesmos parâmetros, os números foram de 1.217 e 22. Já a região Centro contabilizou mais 379 casos e 5 óbitos.
Neste arranque de uma maratona que não é nova, e talvez por conhecermo-la tão bem, partimos para ela já tão cansados. A diretora-geral da Saúde que esta segunda-feira foi presença única na conferência rotina de atualização dos dados da pandemia no país, aproveitou para deixar uma série de avisos que em março e abril não tínhamos: primeiro, o facto de a perda de olfato e/ou paladar serem também um sintoma associado à Covid-19; segundo, a recomendação de fazer apenas testes com prescrição médica, por muita que seja a tentação de o fazer por motivos próprios; terceiro, os almoços e jantares com familiares ou amigos serem uma das situações de maior risco pela descontração e não existência do uso de nenhum método de barreira.
Não haverá outra forma de fechar este texto que podia ser reescrito todos os dias até ao dia 23 de novembro, sem as palavras proferidas pelo primeiro-ministro António Costa hoje, na cerimónia em que foi adjudicada a construção do novo Hospital Central do Alentejo, em Évora: "Não vale a pena termos a ilusão de que enfrentamos esta pandemia sem dor".
Pois não, nós sabemos.
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