Com as luzes de Natal a relembrarem que o ano está a acabar, o maior desejo a nível mundial será que a pandemia chegue ao fim e deixe todos respirar de alívio depois de meses conturbados.
Mas não é assim tão fácil. A pandemia, em certa parte ainda desconhecida, só vai ter os dias contados — ou aliviados — com a chegada de uma vacina. E hoje a esperança cresceu um bocadinho.
A farmacêutica norte-americana Moderna anunciou esta segunda-feira o pedido de utilização de emergência da sua vacina para a covid-19 aos reguladores do medicamento europeu e norte-americano. Além disso, a empresa revelou ainda que os resultados finais dos testes clínicos da vacina contra o novo coronavírus indicam uma eficácia de 94,1 por cento — o que é uma boa notícia.
Em comunicado, a Moderna aponta que a análise primária de eficácia incluiu 196 pessoas que adoeceram, 30 das quais gravemente, mas 185 estavam no grupo que tomou o placebo, ou seja, não tomaram a vacina mRNA-1273.
A eficácia e a segurança demonstrada pela vacina – que suscitou efeitos secundários temporários semelhantes a sintomas de gripe – cumprem os requisitos da agência norte-americana, a FDA, para uma autorização de uso de emergência ainda antes de toda a fase de testes estar concluída. A Agência Europeia do Medicamento também já manifestou abertura para autorizar o uso do fármaco.
Na prática, caso obtenha autorização da FDA, a Moderna espera ter prontas 20 milhões de doses da vacina no fim do ano para os Estados Unidos. Como a vacina precisa de duas doses, isso significa que dez milhões de pessoas poderão ser imunizadas.
Fora dos Estados Unidos, a empresa já afirmou que poderá direcionar uma quantidade significante de vacinas, na Europa no primeiro trimestre de 2021, mas ainda sem apresentar números.
Numa nota final, recordo que no dia de hoje, 30 de novembro de 2020, cumprem-se os 85 anos da morte de Fernando Pessoa. O poeta, que morreu com 47 anos, sobreviveu às doenças mais mortíferas da época, como a tuberculose ou a epidemia da gripe espanhola.
Se na sua curta vida deixou uma obra escrita que merece ser recordada, lembremos agora a última frase que proferiu: "Dá-me os óculos". Não se sabe o que quereria observar, mas talvez adivinhasse um caminho incerto — mas que nem assim tinha vontade de deixar de ver —, como escrevera na véspera: "I know not what tomorrow will bring" ["Não sei o que o amanhã irá trazer"].
Um bocadinho como agora, em que também não sabemos o que nos reservam estes estranhos dias — e que se mantenha sempre a vontade de saber o que aí vem.
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