“Há utentes aqui fechados no lar desde 11 de março e alguns já estavam bem ansiosos e com saudade dos familiares. Apesar de fazermos videochamadas e telefonemas, não é o mesmo que os ter aqui presencialmente” revela à Lusa Marta Nunes, diretora técnica da Estrutura Residencial para Idosos de Marmelete, freguesia do concelho de Monchique.

Naquele concelho do distrito de Faro — onde um terço da população tem mais de 65 anos -, 24 idosos do lar de Marmelete, a cerca de 17 quilómetros da vila de Monchique, já puderam voltar a ver os familiares, mas 80 utentes do Lar da Santa Casa da Misericórdia de Monchique têm de esperar até ao início de junho.

Em Marmelete, as medidas de segurança notam-se logo à entrada do lar, não só pelos vários avisos colados na porta e pela existência de mesa de desinfeção, como pela colocação de fitas amarelas no chão a delimitar a zona de acesso para visitantes.

As visitas tiveram início a 18 de maio e só acontecem “com marcação, entre as 15:00 e as 18:00 e durante meia hora” para “permitir a desinfeção antes da visita seguinte”. Neste primeira fase foi pedido para que haja “um familiar de referência que fará as visitas no mês de maio”, refere Marta Nunes.

O facto de o edifício só ter “uma entrada e nenhum espaço exterior” levou a direção a adaptar o gabinete médico para realizar as visitas, já que é “a que está mais perto da porta”. Uma mesa a meio da sala garante o espaço regulamentar entre as cadeiras onde se irão sentar, “sempre com vigilância”.

Depois da desinfeção e medição da temperatura, o familiar “apenas faz um trajeto de poucos metros, para a sala” onde o utente já o espera, relata a diretora do lar.

A responsável indica que, “quer a família, quer os utentes compreenderam a posição do lar” e alguns “mostram mesmo receio em visitar o familiar, por residirem em concelhos onde o vírus está mais ativo”.

Apesar desta abertura e da possibilidade de ver a família, Marta Nunes nota que “nunca é como antigamente”, já que “para alguns idosos com demência o toque vale mais que as palavras”.

Na vila de Monchique, o Lar da Santa Casa da Misericórdia faz os últimos preparativos para retomar as visitas “no início de junho” , revela à Lusa o provedor, apontando para as baias que delimitam o espaço e servem para encaminhar os visitantes.

António Manuel da Silva adianta que só na semana passada foi elaborado “o guião que uniformiza todos os lares” da Santa Casa da Misericórdia, permitindo “finalmente” implementar as medidas para receber as visitas.

“Os utentes estavam habituados a receber visitas diárias e podiam vir até cinco pessoas. Desde que começou a pandemia, nunca mais vieram. Estão muito impertinentes e a perguntar quando é que os familiares voltam”, conta.

Com 80 utentes, este lar optou por adaptar o espaço da capela para que seja possível realizar “visitas em simultâneo por duas famílias”, permitindo que os idosos recebam “um familiar a cada 10 dias”.

Na sala estão colocadas duas mesas com separadores acrílicos a impedir o contacto físico entre utentes e familiares e uma enorme divisória que separa os visitantes.

No Algarve, foram realizados 5.900 testes numa centena de lares ao abrigo de um rastreio que levou praticamente um mês. Apenas numa instituição, em Boliqueime, no concelho de Loulé, foram detetados casos positivos.

Para o dirigente do secretariado regional da União das Misericórdias, Rui Ginjeira, estes bons resultados “são fruto do trabalho” realizado em conjunto pela Segurança Social, as Misericórdias e as Instituições particulares de Solidariedade Social, onde “todas as orientações foram seguidas ao pormenor”.

O responsável destaca a “colaboração e coordenação entre as instituições e a Segurança Social na obtenção e partilha de materiais de proteção e testes”, de forma a que “chegasse a todos”, no que classifica como “um exemplo dado ao país”.

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