"Vim aqui para estender a mão da amizade ao povo cubano", declarou perante um auditório cheio e na presença de Raúl Castro. Obama também referiu o embargo imposto pelos Estados Unidos a Cuba, em 1962, em plena Guerra Fria, e que ainda está em vigor. "O embargo é uma carga obsoleta sobre o povo cubano", acrescentou.
Mas os cubanos "não vão alcançar o seu potencial se não acontecerem mudanças aqui em Cuba". Neste sentido, o Presidente dos Estados Unidos defendeu a liberdade de expressão. "As pessoas deveriam expressar-se livremente e sem medo", afirmou.
Barack Obama também falou em espanhol e dirigiu-se diretamente aos jovens cubanos. "Apelo aos jovens de Cuba que construam algo novo", afirmou, acrescentando que "o futuro de Cuba tem de estar nas mãos do povo cubano", concluiu, também em espanhol.
Repercussões do discurso de Obama
"O discurso é muito importante porque é a ocasião em que ele pode falar diretamente ao povo de Cuba", comentou Ben Rhodes, assessor de política externa de Obama.
O Grande Teatro de Havana estava cheio, com cerca de 1.300 convidados, e Barack Obama foi muito aplaudido em vários momentos do discurso. O presidente americano, que termina esta terça uma visita de três dias ao país, vai reunir-se com um grupo de opositores na sede da embaixada dos Estados Unidos, num momento em que a questão da dissidência e dos direitos humanos voltou a ganhar destaque em Cuba.
No domingo, horas antes da chegada de Obama, vários dissidentes manifestaram-se e foram temporariamente presos. "Com este encontro, o presidente Obama vai transmitir uma clara mensagem de reconhecimento humano e apoio a nossos esforços pacíficos", afirmou à AFP Elizardo Sánchez, da Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional.
O último compromisso do dia do presidente americano é assistir a um jogo de basebol entre os Tampa Bay Rays e a equipa nacional cubana no Estádio Latino-Americano.
Depois, Obama e a família deixam Cuba de regresso aos Estados Unidos.
Novo dia
Durante a sua visita, Obama enalteceu o que chamou de "um novo dia" nas relações entre Cuba e os Estados Unidos, que durante décadas foram antagonistas por causa da Guerra Fria.
Tentando estabelecer um limite na pesada intervenção americana nos negócios da ilha, Obama prometeu que "o destino de Cuba não será decidido pelos Estados Unidos, nem por qualquer outra nação". Em conferência de imprensa ao lado de Raúl Castro, na segunda-feira, Obama disse que o seu país "vai continuar a defender a democracia, incluindo o direito do povo cubano de decidir o seu próprio futuro".
Raúl Castro pediu a Obama que "aceite e respeite as diferenças e não faça delas o centro da nossa relação, mas que promova vínculos que privilegiem o benefício de ambos os países e povos".
"O objetivo do diálogo sobre direitos humanos não é que os Estados Unidos ditem a Cuba como deve governar-se, mas assegurarmo-nos de que temos uma conversa franca, honesta sobre este tema, e que possamos aprender uns com os outros", declarou Obama na conferência de imprensa que foi transmitida em direto pela televisão cubana.
Obama e Castro reuniram-se por mais de duas horas no emblemático Palácio da Revolução. No encontro, foram abordados temas sensíveis para os dois países, como o embargo dos Estados Unidos e os direitos humanos na ilha comunista.
O encontro de segunda-feira foi o primeiro com Raúl Castro desde a chegada de Obama a Havana, no domingo à tarde. Foi a terceira reunião de ambos desde que decidiram normalizar a relação bilateral, em dezembro de 2014, uma vez que os dois presidentes já se tinham reunido em abril de 2015 na Cimeira das Américas, realizada no Panamá, e cinco meses depois na sede da ONU, em Nova Iorque.
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