O antigo secretário da Defesa dos Estados Unidos da América Frank Carlucci, que foi embaixador em Portugal entre 1975 e 1978, morreu no domingo na sua casa, em McLean, no estado norte-americano da Virginia, aos 87 anos.

No encerramento da conferência "Os Estados Unidos e Portugal: Uma Parceria para a Prosperidade", na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, enalteceu a "qualidade diplomática" de Frank Carlucci, lembrando "o tempo em que, entre 74 e 76, se afirmou o avanço português para a democracia".

O chefe de Estado descreveu esse período como "um tempo de um mundo bipolar, em que os embaixadores norte-americano e soviético, Frank Carlucci, ontem [domingo] desaparecido, e Arnold Kalinin, simbolizavam outro contexto geoestratégico – bem diferente do atual em que os Estados Unidos da América e a República Popular da China discutem o comércio internacional e a situação da República Popular da Coreia".

"Pois foi nesse outro tempo, que mostra a minha provecta idade, que pude testemunhar a qualidade diplomática de Frank Carlucci. Chegado a Portugal no início de 75, em plena revolução, teve durante algumas semanas de ir viver para Madrid, por razões de segurança. Mas durante o longo tempo em que esteve em Portugal não só criou com o futuro Presidente Mário Soares uma cumplicidade estratégica essencial, como demonstrou dotes particularmente relevantes na aproximação entre os EUA e Portugal", elogiou.

À saída desta conferência, em declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que Frank Carlucci "desempenhou funções num período muito difícil, que foi o período talvez mais quente da revolução em Portugal" e "foi um dos dois grandes protagonistas do período da revolução: ele, do lado dos Estados Unidos da América, e Kalinin, do lado da União Soviética".

"Foi um embaixador muito importante, nomeadamente criou, como acabei de dizer, uma cumplicidade estratégica com o futuro Presidente Mário Soares", reiterou.

Segundo o chefe de Estado, Carlucci "teve talvez uma das suas missões diplomáticas mais importantes" nesse tempo "particularmente agitado" em Portugal, "numa carreira muito longa e que terminou ontem [domingo], com a sua morte".

"Portanto, eu apresento as condolências à família e recordo da experiência do jovem que vivia a revolução, jovem constituinte e jovem dirigente partidário, a importância nuclear desses dois vultos e, em especial, a importância de Frank Carlucci", acrescentou.