O quadro, que retrata uma cena em que um grupo de homens faz troça de Cristo na rua, é atribuído ao pintor italiano pré-renascentista Cimabue, do século XIII, e foi descoberto no início deste ano, pendurado numa parede na cozinha de uma mulher que vive em Compiegne, no norte de França, que ignorava o valor da obra e o seu autor até que em junho um leiloeiro a aconselhou a levar o quadro a ser avaliado por especialistas.

Hoje tornou-se multimilionária, uma vez que vai ficar com grande parte do valor de venda do quadro.

A pintura a óleo, uma obra-prima, segundo os especialistas, que a datam de cerca de 1280 e que mede 25 por 20 centímetros. Acreditam ser parte de um díptico que Cimabue terá pintado, com oito painéis a representar cenas da Paixão de Cristo, e do qual são conhecidos dois painéis, expostos na Frick Collection, em Nova Iorque, e na National Gallery, em Londres.

Dominique Le Coent, da leiloeira Actéon, que vendeu a obra a um comprador anónimo de Chantilly, a norte de Paris, disse à Associated Press (AP) que a venda representa “um record para uma pintura antiga ou pré-renascentista”.

“É uma pintura única, esplêndida e monumental. Cimabue foi o precursor do Renascimento. Mas esta venda vai para lá dos nossos sonhos”, disse Le Coent à AP.

O preço de venda esperado era de entre quatro milhões a seis milhões de euros, segundo a leiloeira.

Como nunca nenhum quadro de Cimabue havia sido leiloado, os especialistas não sabiam o que esperar, não havendo qualquer referência anterior que pudesse indicar o valor que poderia atingir, explicou o leiloeiro à AP.

A descoberta do quadro deixou o mundo da arte em êxtase.

Cimabue ensinou o mestre italiano Giotto e muitos consideram que lançou as bases do Renascimento, ao quebrar com o estilo bizantino da idade média, começando a incorporar nas obras elementos de movimento e perspetiva.

Cimabue terá nascido em 1240 e morreu em 1302, estando ativo desde 1272 até à sua morte.