"Não se deixem manipular, mesmo que encham as vossas despensas. Isso não é de boa fé, é usar o povo como escudo, manipular o povo, e isso não pode ser permitido", declarou López Obrador quando questionado sobre estes vídeos na sua conferência de imprensa diária.

No último sábado, circularam nas redes sociais imagens de várias camionetas com decorações natalícias nas quais viajavam indivíduos a entregar caixas e artigos diversos aos moradores.

Autoridades do estado de Jalisco, cuja capital é Guadalajara, informaram que abriram uma investigação para apurar quem está por trás dos factos, ocorridos na quarta-feira passada.

Segundo versões divulgadas pela imprensa local, supostos integrantes do cartel Jalisco Nueva Generación (CJNG) terão entregado compras de supermercado e brinquedos aos moradores de uma área central de Guadalajara.

López Obrador argumentou que se trata de uma estratégia de grupos criminosos para que os moradores os alertem sobre ou impeçam ações das autoridades contra eles.

“Se a cocaína é apreendida, a comunidade sai e protege os traficantes, até tenta reter membros do Exército, da Guarda Nacional, para que não prossigam com a operação”, disse.

O chefe de Estado acrescentou que esta prática “tem desaparecido porque as pessoas sabem que isto é ilegal e que o crime não deve ser protegido”.

Mas reconheceu que os criminosos têm tentado reativá-la perante as apreensões de drogas durante o seu governo, que se multiplicaram "como nunca antes", embora tenha dito que os números serão apenas divulgados na próxima semana.

Durante a pandemia, de acordo com a imprensa, a entrega de mantimentos e outras ajudas por parte do CJNG, um dos mais poderosos e violentos cartéis do México, foi reportada em várias comunidades de Jalisco.

Também durante o confinamento, foi documentada em Sinaloa e Jalisco a distribuição de alimentos em caixas com a imagem do narcotraficante Joaquín "El Chapo" Guzmán, condenado a prisão perpétua nos Estados Unidos.