No discurso que proferiu no segundo e último dia de debate na generalidade da proposta de Orçamento do Estado para 2017, o dirigente do Bloco de Esquerda e vice-presidente da Assembleia da República José Manuel Pureza optou por criticar sobretudo as "limitações" do PS em resultado da sua inserção e respeito pelas regras orçamentais da União Europeia.

O deputado do Bloco de Esquerda apontou que o país vai ter de pagar cerca de oito mil milhões de euros em juros no próximo ano e sustentou que o "europeísmo resignado" dos socialistas leva inevitavelmente a uma lógica de o país "poupar para se endividar".

"Democracia é partir este muro", defendeu José Manuel Pureza, exigindo depois a renegociação da dívida de Portugal junto da União Europeia e, em simultâneo, condenando a atual política europeia.

"Na Europa quem manda pode incumprir as regras, caso da França ou da Alemanha [que acumula excedentes orçamentais]. Para Portugal sobra a espada das sanções", disse.

Apesar de muitos dos recados de José Manuel Pureza terem sido dirigidos ao PS, a resposta - e bem dura - chegou da bancada do PSD, com Carlos Abreu Amorim a citar mesmo uma recente ‘gafe' do treinador do Sporting, Jorge Jesus, após a sua equipa ter sido derrotada em Dusseldorf, na Alemanha, na quarta-feira.

"Depois desta aventura da geringonça, o Bloco de Esquerda não vai ser bocejado [sic.] pela sorte", disse Carlos Abreu Amorim, numa alusão humorada a Jorge Jesus.

Mas Carlos Abreu Amorim fez um ataque cerrado à estratégia política dos bloquistas, repudiando qualquer demarcação do Bloco de Esquerda face ao Governo do PS.

"O Bloco de Esquerda é um partido que está à venda, que se vendeu por um naco de poder e por um preço cada vez mais baixo. O Bloco de Esquerda não passa de um anexo das traseiras do PS", declarou ainda o vice-presidente da bancada do PSD, numa frase que gerou vários protestos entre os deputados das bancadas de esquerda.