"Aquilo que tem vindo a acontecer ao longo dos últimos dois anos é que os orçamentos do Estado, de 2016 e de 2017, têm vindo a ser feitos em função de um acordo parlamentar à esquerda, que a última coisa que faz é privilegiar aquilo que deve ser privilegiado", considerou, em declarações aos jornalistas.
Falando esta noite em Fafe, à entrada para uma conferência sobre o poder local, organizada pela JSD local, aquele militante social-democrata defendeu ser "absolutamente inevitável que Portugal consiga crescer pela promoção do investimento e das exportações".
"Eu não quero dizer que a execução do Orçamento do Estado de 2017 é o caos, não é, mas seguramente não é o caminho que nos pode levar a médio ou longo prazo a uma situação melhor. Isso é absolutamente evidente", insistiu.
Questionado sobre se acredita ser possível, com o Orçamento de 2017 proposto pelo Governo do PS, atingir as metas exigidas pela União Europeia, o antigo autarca social-democrata do Porto alertou que "o quadro macroeconómico [do Orçamento] é muito ousado".
E explicou: "O investimento este ano caiu e o Orçamento prevê um crescimento grande, de mais de 4%. É muito ousado. Não vejo como é que se consegue, apenas porque se escreve no quadro macroeconómico, que o investimento cresça".
Rio salientou que, "para o investimento crescer, é preciso tomar determinadas medidas que sejam amigas do investidor e amigas de quem poupa", frisando que "este Governo tem uma lógica, principalmente à esquerda, de que quem se endivida é pobre e quem poupa é rico".
"Nós precisamos da poupança, que é o elemento mais amigo que há do investimento, e não penalizar a poupança, com mais impostos", assinalou ainda, advogando que Portugal tem de ter uma estratégia de captação de investimento, caso contrário, previu, "não consegue o crescimento".
Para o economista social-democrata, se Portugal "não conseguir crescimento, obviamente que vai ter dificuldades no futuro".
"Mas nós percebemos que esta solução do Governo não facilita isso", prosseguiu.
À questão da Lusa, sobre se concorda com a disponibilidade do PSD para apresentar propostas quando o Orçamento for discutido na especialidade na Assembleia da República, Rui Rio disse rever-se, nesta caso, na estratégia decidida pela direção nacional do seu partido.
"Quando se está em minoria, como está o PSD no parlamento, não vale a pena estar a fazer propostas miúdas. Fazer duas ou três grandes propostas, que indiquem aquilo que era o rumo que se entende que deve seguir, acho que marca uma posição de princípio", concluiu.
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