"Os problemas não se resolvem ameaçando com crises, mas sim encontrando soluções para responder a questões inadiáveis que atingem a vida de milhares de pessoas e com opções que abram caminho a uma política desamarrada das imposições da União Europeia e dos compromissos com o grande capital", afirmou, em comunicado, o partido liderado por Jerónimo de Sousa.
Na nota enviada à agência Lusa, o PCP realçou ainda que "não basta declarar que não se quer nada com o PSD, é preciso que não se façam as mesmas opções que este faria”.
“Tanto mais quando se continuam a registar em diversas matérias relevantes convergências entre os dois partidos", acrescentou.
O PCP reagiu assim às palavras do primeiro-ministro em entrevista hoje publicada no semanário Expresso, em que o chefe do Governo afirmou que, se não houver acordo para a aprovação do Orçamento do Estado com o BE e o PCP, haverá uma crise política.
"Se não houver acordo, é simples: não há Orçamento e há uma crise política. Aí estaremos a discutir qual é a data em que o Presidente [da República] terá de fazer o inevitável", respondeu António Costa, quando questionado sobre o tema.
Num recado sobretudo dirigido aos parceiros de esquerda do PS no parlamento, António Costa considera que "quem não quer assumir responsabilidades deve dedicar-se a outra atividade", porque a atividade política requer "assunção de responsabilidades".
Confrontado com o cenário de os partidos de esquerda deixarem o PS e o Governo sozinhos com o PSD na viabilização do Orçamento do próximo ano, o primeiro-ministro disse que não irá pedir aos sociais-democratas que votem contra ou que se abstenham.
"O que quero deixar muito claro, e já o deixei ao PCP e ao BE, é que, se sonham que vão colocar o PS na condição de ir negociar com o PSD a continuação do Governo, podem tirar o cavalinho da chuva, pois não negociaremos à direita a subsistência deste Governo", frisou António Costa.
Na quinta-feira, o Presidente da República pediu diálogo para a viabilização do Orçamento do Estado para 2021 (OE2021), que considerou um instrumento fundamental para a aplicação dos fundos europeus, e avisou que não vai alinhar em crises políticas.
"Isso é uma aventura. Em cima da crise da saúde e da crise económica uma crise política, era a aventura total. A alternativa seria uma crise a prazo, isto é, o Presidente empossado no dia 09 de março, seja ele quem for, estar a dissolver para eleições em junho. Isto não existe, isto é ficção. Portanto, uma crise política ou a ameaça de crise política é ficção", acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa, no início de uma visita à Feira do Livro de Lisboa.
Por seu lado, a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, em reação às declarações de António Costa, disse que o "ultimato" do primeiro-ministro, acerca de uma possível crise política, "não resolve nada e não mobiliza ninguém".
"Não é o primeiro ultimato sobre crise política. Não resolve nada e não mobiliza ninguém. Precisamos, isso sim, de respostas fortes à crise sanitária, social e económica", lê-se numa publicação feita hoje por Catarina Martins na plataforma Twitter.
A líder do BE acrescentou, na publicação em que reagia à entrevista de António Costa, que as respostas à crise devem acontecer "desde logo, no OE2021", e que o seu partido "concentra-se nas soluções para o país".
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