No final de uma reunião com o Conselho Nacional da Juventude, na sede nacional do PSD, em Lisboa, Rui Rio foi questionado se gostaria de ter sido convidado para a primeira ronda negocial sobre o próximo orçamento e se ouviu com agrado as afirmações do primeiro-ministro, António Costa, de que “o PSD não tem peste”.
“Concordo com essas declarações que o primeiro-ministro fez: aquilo que o primeiro-ministro assume é que vai procurar resolver o problema com o PCP e BE, na exata medida em que isso foi sempre o que ele disse, não que concorde que é bom para o país, discordo”, salientou.
“Também direi que o PS não tem peste, mas há aqui dois polos alternativos: o Governo ou é liderado pelo PS ou pelo PSD, é bom que haja estas duas opções alternativas. Se assim for, nós estamos na oposição àquilo que de certeza vai ser o Orçamento para 2021, desenhado pela denominada geringonça”, acrescentou.
Questionado se isso significa que o PSD não pondera abster-se - como fez no recente Orçamento Suplementar -, Rio voltou a distinguir os dois documentos, dizendo que o primeiro se destinou a responder às necessidades imediatas de resposta à pandemia de covid-19.
“Não posso dizer o que vou fazer sobre algo que desconheço, que nem sequer existe (…) Aquilo que é a nossa posição face ao orçamento depende do que estiver no orçamento, mas prevejo que um documento feito com o PCP e o BE dificilmente estaremos de acordo”, reforçou.
Questionado se para o PSD a esquerda tem peste, o líder do PSD sorriu e disse não querer usar esse termo para não ser “deselegante”.
“Mas obviamente que as posições de PCP e BE estão normalmente nos antípodas do que defendemos, basta ver as exigências que os líderes do BE e PCP vêm pôr para este Orçamento para percebermos que não é a melhor forma de responder à crise que temos pela frente”, disse.
O primeiro-ministro recebeu na quarta-feira o Bloco de Esquerda e o PCP para iniciar as negociações para a aprovação da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2021 e de um programa de recuperação económica 2020/2030, e irá também reunir-se com PAN e PEV, partidos que também viabilizaram orçamentos do Estado na anterior legislatura.
Na terça-feira, em declarações à RTP, em Budapeste, à margem de um encontro com o seu homólogo húngaro, António Costa salientou que sempre defendeu que os parceiros naturais do PS em matéria de governação são os partidos à esquerda, e insistiu que um sistema de "Bloco Central" seria "um fator de empobrecimento da democracia", não querendo isso "dizer que o PSD tenha peste".
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