Hoje, o número de pessoas infetadas em Portugal pelo novo coronavírus, responsável pela doença Covid-19, foi revisto em alta. Dos 13 casos anunciados ontem, passamos para os 21. Há uma novidade: três destes novos casos surgem em jovens na faixa dos 10 aos 19.
Duas faculdades do Porto, um departamento da Universidade do Minho e uma escola de Felgueiras foram encerrados por precaução. As visitas aos hospitais, lares e estabelecimentos prisionais foram proibidas na região Norte.
A agência Lusa lembra que, com base no número mundial de infetados, a taxa de letalidade é de 3,4%, sendo que até ao momento a maioria já recuperou. Vale ter em conta.
Já esta noite, na Madeira, um sismo de magnitude 5.3 na escala de Richter assustou os madeirenses. O susto aparenta ter sido só isso: um susto. Não há registo de danos, quer pessoais, quer materiais.
Hoje também, em Lisboa, cerca de 200 guineenses participaram numa marcha em defesa da democracia na Guiné-Bissau, manifestando-se preocupados com a crise política, após a posse de Umaro Sissoco Embaló como presidente do país, e apelando à paz.
Cantando em crioulo pela união do país, duas centenas de guineenses percorreram a avenida da Liberdade, desde a rotunda do Marquês de Pombal até ao Rossio, erguendo cartazes com frases como “Viva Guiné-Bissau — Paz, Paz, Paz”, “Justiça, Liberdade” e “Abaixo golpistas Sissoko e companhia”, relata a Lusa.
“Quando o Supremo Tribunal decidir, quem ganhar eleições ganha e governa a Guiné-Bissau. Não é os militares usurparem o poder nesta altura e fazerem aquilo que quiserem. Não podemos aceitar isso, não estamos num regime de ditadura. Queremos democracia e queremos o bem pelo nosso país”, afirmou à Lusa o guineense Gervásio Martins, de 44 anos, que vive em Portugal há 27 anos.
Mas, o que se passa na Guiné-Bissau? A Lusa explica que o país vive mais um momento de tensão política, depois de Umaro Sissoco Embaló, do Movimento para a Alternância Democrática (Madem G-15) e dado como vencedor das eleições presidenciais pela Comissão Nacional de Eleições, ter tomado posse há uma semana como presidente do país, quando ainda decorre um recurso de contencioso eleitoral no Supremo Tribunal de Justiça, apresentado pela candidatura de Domingos Simões Pereira, do Partido Africano da Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC), que alega graves irregularidades no processo.
Na sequência da tomada de posse, Umaro Sissoco Embaló demitiu Aristides Gomes, que lidera o Governo que saiu das legislativas e que tem a maioria no parlamento do país, e nomeou Nuno Nabian para o cargo.
Após estas decisões, os militares guineenses ocuparam e encerraram as instituições do Estado guineense, impedindo Aristides Gomes e o seu Governo de continuar em funções.
O presidente da Assembleia Nacional Popular, Cipriano Cassamá, que tinha tomado posse como Presidente interino, com base no artigo da Constituição que prevê que a segunda figura do Estado tome posse em caso de vacatura na chefia do Estado, renunciou no domingo ao cargo por razões de segurança, referindo que recebeu ameaças de morte.
Umaro Sissoco Embaló afirmou que não há nenhum golpe de Estado em curso no país e que não foi imposta nenhuma restrição aos direitos e liberdades dos cidadãos.
Mediadora da crise guineense, a Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) voltou a ameaçar impor sanções a quem atente contra a ordem constitucional estabelecida na Guiné-Bissau e acusou os militares de se imiscuírem nos assuntos políticos.
Pelo meio, as Nações Unidas, a União Europeia e a Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) apelaram ao diálogo e à resolução da crise política com base no cumprimento das leis e da Constituição do país.
No meio das informações sobre a doença Covid-19 que vem ocupando os noticiários, importa olhar também para outras coisas — sob pena de os dias parecerem cada vez mais assim e menos com o todo de que são feitos.
No Porto, fora de isolamentos e com a faculdade aberta, eu sou o Pedro Soares Botelho.
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