“A OMS teve de cancelar, desde 26 de dezembro, seis missões ao norte de Gaza porque os nossos pedidos foram rejeitados e não havia garantias de segurança”, denunciou o representante da agência da ONU, em conferência de imprensa, adiantando que hoje mesmo a organização teve de cancelar uma missão.
“O obstáculo não é a capacidade da OMS, das Nações Unidas ou de outras agências, mas sim a falta de acesso, razão pela qual pedimos a Israel que aprove os nossos pedidos de envio de ajuda humanitária”, acrescentou.
O diretor-geral da OMS adiantou que, depois de quase 100 dias de conflito, “a situação é quase indescritível, com praticamente 90% da população de Gaza deslocada e muitas pessoas forçadas a mudar de sítio várias vezes”.
“As pessoas fazem fila durante várias horas para conseguir água, que talvez não seja potável, ou pão que, por si só, não alimenta o suficiente, num local onde funcionam apenas 15 hospitais (metade do total) e só parcialmente”, sublinhou o líder da OMS.
A falta de água, alimentos e higiene, em condições de sobrelotação nos abrigos, “são o quadro ideal para a propagação de doenças”, alertou o responsável, que garantiu que corredores de ajuda “podem ser estabelecidos mesmo sem a existência do cessar-fogo que tem sido repetidamente pedido”.
O conflito em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeado pelo ataque de 7 de outubro conduzido pelo movimento islamita palestiniano no sul do território israelita.
Nesse dia, cerca de 1.200 pessoas foram mortas, na sua maioria civis, segundo números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, sendo que mais de 120 continuam em cativeiro na Faixa de Gaza.
Em retaliação, Israel prometeu destruir o grupo islamita e tem bombardeado a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 23 mil pessoas, a maioria das quais civis.
A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave, controlado pelo Hamas desde 2007.
A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
Comentários