Sou Onésimo Teotónio Almeida, natural do Pico da Pedra,  S. Miguel, e vivo nos EUA desde 1972. Sou Professor Catedrático no Departamento de estudos Portugueses e Brasileiros, no Center for the Study of the Early Modern World, e no Wayland Collegium for Liberal Learning, da Brown University.

Votarei contra Trump.

Vive-se hoje melhor ou pior nos EUA do que há quatro anos?

Impossível responder a uma pergunta que teria de ser respondida por cada um dos cidadãos. Em termos genéricos, do ponto de vista económico não estamos melhor do que estávamos quando Obama terminou o mandato. Do ponto de vista social, político e cultural, em termos genéricos estamos bastante pior. A sociedade americana está hoje mais dividida do que nunca, extremada na suas posições. Há tensões exacerbadas pelo presidente; perdura um clima belicoso, agressivo, de desrespeito pelas tradicionais normas de civilidade e convivialidade.

O que mais teme atualmente um estrangeiro a viver nos Estados Unidos?

Se for branco, conservador e religioso, tudo bem. Se for de uma minoria, não estará isento de problemas. Mas não chegámos ainda a ponto de as pessoas se sentirem ameaçadas, sobretudo desde que não se manifestem exageradamente. Insisto, porém, neste ponto: as pessoas continuam a ter a liberdade de expressar dos seus pontos de vista. O que acontece e não acontecia é a existência de um clima acintoso nas tomadas de posição, que costumava ser muito do estilo be and let it be. Felizmente está-se muito longe de uma ditadura.

Duas razões para mudar de presidente ou duas razões para deixar como está (consoante a preferência de voto).

Para deixar:Mentira e indecência

Para mudar: Verdade e decência

Uma palavra para descrever Trump e uma palavra para descrever

Trump: Asco

Biden: Dignidade

O que têm os EUA melhor que Portugal?

Quem deveria responder a esta pergunta seria os milhares e milhares de portugueses que optaram por emigrar para cá e decidiram ficar. Chama-se a isso votar com os pés.

Qual o cenário que mais receia para os EUA?

Mais quatro anos de Trump.

O que o/a faria regressar a Portugal?

Nada. Passarei mais tempo em Portugal depois da aposentação, mas tenho toda a família aqui.

Como vê as relações diplomáticas entre os EUA e Portugal e que relação mantém com o país?

São duas perguntas numa. Quanto à primeira, neste momento ao Governo de Trump só interessa quem o aplaude.

Quanto à segunda: estou tão ligado a Portugal que falo frequentemente no Rio Atlântico que me separa. Antes do Covid-19, ia uma média de 8 vezes por ano a Portugal e, de uma delas, ficava três meses e meio (de Maio a Agosto).

O "sonho americano" é mito ou realidade?

Tem sido uma realidade para muita gente. Para muita outra, nunca se realizou, todavia permitiu-lhe melhorar a vida de forma que dificilmente conseguiria no país onde vivia. Mas na vida os sonhos e a realidade nunca se identificam completamente. Não é só com os emigrantes que isso acontece.