O especialista da ONU lembrou que desde 2010 – quando Assange começou a publicar na sua plataforma ‘online’, WikiLeaks, provas de crimes de guerra e tortura cometidos por forças dos EUA — o ativista tem sido objeto de “uma campanha implacável sem restrições, que incluiu mobilização pública, intimidação e difamação”.

Melzer reuniu, no passado dia 09, com Assange, na prisão onde está detido em Londres, acompanhado de dois médicos especializados em examinar alegadas vítimas de tortura e de outros maus-tratos.

A equipa da ONU conseguiu conversar com Assage, em condições que permitiram uma avaliação completa, segundo o relator.

A avaliação concluiu que Julian Assange não apenas apresentava doenças físicas “por causa do ambiente hostil e arbitrário ao qual esteva exposto por muitos anos”, mas ainda “todos os sintomas típicos da exposição prolongada à tortura psicológica, incluindo ‘stress’ extremo, ansiedade crónica e trauma”, segundo o relatório.

Melzer condenou a natureza deliberada e sustentada de tais abusos e lamentou o fato de que nenhum dos governos envolvidos tenha tomado medidas para proteger os direitos humanos de Assange.

“Ao mostrar uma atitude de complacência no melhor dos casos e cumplicidade no pior, esses governos criaram uma atmosfera de impunidade”, disse o responsável da ONU.

Em cartas oficiais enviadas no início desta semana, Melzer instou os quatro governos envolvidos a absterem-se de instigar ou tolerar declarações contra Assange, bem como a tomar medidas para assegurar um tratamento adequado.

O especialista da ONU também pediu ao Governo britânico para não extraditar Assange para os EUA ou para qualquer outro país que não forneça garantias confiáveis de um julgamento justo.