Segundo uma porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, as informações sobre a presença de químicos começaram a chegar a 23 de outubro, quando quatro civis morreram por inalação de fumo de enxofre.
O fumo provinha de uma fábrica e de um armazém no distrito de Shura, em Mossul, atacados e incendiados pelos ‘jihadistas’ do Estado Islâmico.
Três dias depois, a 26 de outubro, chegaram relatos da morte por asfixia de um bebé de dois meses, intoxicado com fumo de enxofre quando a família fugia de Shura para Al Qayara.
“Temos medo que o Estado Islâmico esteja a usar estes agentes químicos como armas químicas”, disse a porta-voz, Ravina Shamdasani.
A responsável precisou que a ONU não tem provas até ao momento do uso intencional de químicos contra civis, mas sublinhou que “não tomar as precauções necessárias para evitar a contaminação é por si só um crime”.
A ONU relatou também hoje que os ‘jihadistas’ executaram “muito mais” pessoas que o estimado na aldeia de Hamam al Alil, 25 quilómetros a sul de Mossul, onde na segunda-feira foi descoberta uma vala comum com pelo menos 100 cadáveres.
“Os corpos encontram-se em diferentes estados de decomposição, o que mostra que o Estado Islâmico usou o local como sítio para execuções durante algum tempo”, indicou um porta-voz.
Por outro lado, também na segunda-feira, as forças de segurança iraquianas encontraram em Shura uma prisão subterrânea com 961 pessoas, todas sunitas.
A “prisão” era constituída por celas de 1 metro por 0,5 metros e os detidos apresentavam sinais de tortura e subnutrição.
A ONU confirmou também que os ‘jihadistas’ continuam a executar pessoas com base em decisões do seu “tribunal” e que, só na terça-feira, matou a tiro 40 civis de Mossul acusados de “traição e colaboração” com as forças iraquianas.
“As vítimas estavam vestidas de cor de laranja com as seguintes palavras escritas a encarnado: ‘traidores e agentes das ISF’ [Iraq Security Forces, forças de segurança iraquianas]. Os corpos foram depois pendurados em postes elétricos em várias zonas da cidade de Mossul”, lê-se num comunicado.
Segundo a organização, pelo menos 48.000 pessoas fugiram de Mossul desde o início da ofensiva das forças governamentais, a 17 de outubro.
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