Numa reunião do Conselho de Segurança da ONU para abordar a situação humanitária na Ucrânia, o secretário-geral adjunto das Nações Unidas para a Europa, Ásia Central e Américas, Miroslav Jenca, indicou que a intensificação dos ataques russos a instalações energéticas ucranianas, num momento em que as baixas temperaturas já se fazem sentir no país, está a piorar as já terríveis condições humanitárias em todo o território.
“Tal como no ano passado, 2023 foi devastador para o povo da Ucrânia. Se não forem tomadas medidas urgentes para inverter esta trajetória, o próximo ano poderá ser ainda mais imprevisível e destrutivo”, advogou Jenca.
Também o diretor de coordenação do Escritório das Nações Unidas para Assuntos Humanitários (OCHA), Ramesh Rajasingham, alertou para o grave impacto que a combinação dos ataques russos com um inverno rigoroso terá em milhões de ucranianos, que têm de lidar ainda com o aumento dos ataques a hospitais e aos sistemas elétricos e de abastecimento de gás e água.
“Muitas pessoas ficaram sem acesso a aquecimento, eletricidade e água, especialmente no leste e no sul. Num contexto de temperaturas gélidas, estes danos ameaçam particularmente a sobrevivência dos mais vulneráveis — entre eles idosos e pessoas com deficiência — que já sofrem devido à interrupção dos serviços essenciais causada pela guerra. A situação é profundamente preocupante”, frisou Rajasingham.
O diretor de coordenação do OCHA sublinhou ainda que, enquanto a Ucrânia continuar sob ataque, os efeitos em cascata em todo o mundo irão persistir.
“À medida que chegamos ao final de 2023 e entramos em 2024, devemos redobrar os nossos esforços para evitar uma nova escalada na Ucrânia. Juntos, vocês devem fazer tudo o que estiver ao vosso alcance para acabar com esta guerra trágica”, disse Rajasingham dirigindo-se ao corpo diplomático presente na reunião do Conselho de Segurança.
Na reunião, os funcionários da ONU apontaram que, desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, foi registada a morte de 10.065 civis, além de 18.679 feridos, frisando, porém, que os números reais são provavelmente muito mais elevados.
Como resultado da guerra, cerca de dez milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, incluindo 3,7 milhões de deslocados internos, e mais de 6,3 milhões de refugiados registados em todo o mundo, segundo Miroslav Jenca.
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