“Obviamente, estamos a acompanhar a situação muito de perto. Inclusive, o secretário-geral [da ONU, António Guterres] reuniu-se com o Presidente [do Irão, Ebrahim] Raisi na quinta-feira. Foram levantadas uma série de questões, incluindo as de direitos humanos”, disse o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, no seu encontro diário à imprensa na sede da ONU, em Nova Iorque.
De acordo com Dujarric, as Nações Unidas estão “preocupadas” com os relatos de protestos pacíficos a serem enfrentados pelo uso excessivo da força, que levaram a dezenas de mortos e feridos.
“Apelamos às forças de segurança para que se abstenham de usar força desnecessária e desproporcional e apelamos a todos que exerçam moderação para evitar uma maior escalada”, exortou.
Nos seus apelos direcionados às autoridades iranianas, o porta-voz de Guterres pediu que sejam respeitados os direitos e a liberdade de expressão, reunião pacífica e associação, assim como os direitos das mulheres.
“Apelamos a que sejam tomadas medidas adicionais para eliminar as formas de discriminação contra mulheres e meninas e implementar medidas eficazes para protegê-las de outras violações de direitos humanos de acordo com os padrões internacionais”, declarou o porta-voz.
Por último, Stéphane Dujarric reiterou o apelo do Alto-comissário para os Direitos Humanos sobre a necessidade de uma investigação imparcial e eficaz sobre a morte de Mahsa Amini, jovem de 22 anos que morreu após ser detida pela “polícia de moralidade” no Irão.
Pelo menos 50 pessoas foram mortas no Irão em manifestações, reprimidas pelas forças de segurança, contra a morte dessa jovem, indicou hoje a ONG Iran Human Rights (IHR).
Segundo a organização, sediada em Oslo e que na quinta-feira emitiu um balanço de 31 mortos, seis pessoas morreram por disparos das forças da ordem na noite de quinta-feira na cidade de Rezvanshahr, província de Gilan (sul), e outras mortes foram registadas em Babol e Amol (norte).
A organização não-governamental (ONG) referiu-se a manifestações em cerca de 80 localidades do país ao longo da última semana.
Mahsa Amini foi detida na terça-feira passada pela designada “polícia de moralidade” de Teerão, capital do Irão, onde se encontrava de visita, por alegadamente trazer o véu de forma incorreta e transferida para uma esquadra com o objetivo de assistir a “uma hora de reeducação”.
Morreu três dias mais tarde num hospital onde chegou em coma após sofrer um ataque cardíaco, que as autoridades atribuíram a problemas de saúde, versão rejeitada pela família.
Desde então multiplicaram-se os protestos em pelo menos 20 cidades, com milhares de manifestantes antigovernamentais e forças de segurança a entrarem em confrontos, naqueles que são já considerados como os distúrbios políticos mais graves no país desde 2019.
O Irão suspendeu o acesso à internet e apertou as restrições nas redes sociais mais usadas para organizar manifestações, como o Instagram e o WhatsApp.
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