O relatório, publicado na quarta-feira, foi elaborado pelo ESCAP, que inclui 18 países árabes, e constitui a primeira vez em que uma organização da ONU acusa Israel de criar um estado de "apartheid".
"Israel estabeleceu um regime de 'apartheid' que domina o povo palestiniano como um todo", lê-se no relatório.
Na quinta-feira, António Guterres pediu à responsável, Rima Khala, que retirasse o relatório, algo que a jordana recusou fazer.
"O secretário-geral pediu-me ontem [quinta-feira] de manhã que retirasse [o relatório]. Pedi-lhe que reconsiderasse a sua decisão, ele insistiu, por isso entreguei a minha demissão da ONU", explicou Rima Khala em conferência de imprensa.
Hoje, quando o relatório já não estava disponível na página na Internet do ESCAP, o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, disse aos jornalistas que o documento tinha sido publicado sem consultar o secretariado.
Na quinta-feira, os EUA exigiram que a ONU retirasse o relatório, algo que os autores já esperavam.
"Era expectável que Israel e os seus aliados colocassem enorme pressão sob o secretário-geral para que renunciasse o relatório", disse Rima Khala.
A responsável disse ainda que o documento era o primeiro relatório da ONU que destaca "os crimes que Israel continua a cometer contra o povo palestiniano, o que representa crimes contra a humanidade."
O conflito israelo-palestiniano tem sido um dos temas mais sensíveis do mandato de António Guterres.
Logo em dezembro, o Conselho de Segurança aprovou uma resolução condenando colonatos israelitas o que levou o então Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, a prometer que "as coisas seriam diferentes" em relação à ONU quando tomasse posse.
No mês passado, a Casa Branca disse que os Estados Unidos não vão forçar uma solução de dois estados como forma de alcançar a paz na região, algo que tem sido a posição oficial da ONU nas últimas décadas.
"Não há uma solução alternativa para a situação entre Israelitas e Palestinianos, a não ser a solução de estabelecer dois estados, e devemos fazer tudo o que pudermos para manter isso", explicou António Guterres na altura.
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