No mês passado, o Parlamento Europeu intimou a União Europeia (UE) a aprovar o uso do glifosato por apenas sete anos, em vez dos 15 solicitados pelos reguladores, por entre receios de que o produto pudesse ser cancerígeno. Uma análise feita por especialistas em pesticidas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) afirmou que "é improvável que o glifosato apresente riscos de cancro para humanos, desde a exposição até a ingestão".
A afirmação parece contradizer um estudo de março de 2015 da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro da OMS (IARC) que afirmou que o glifosato "provavelmente" causava cancro. A OMS afirmou, porém, que as duas conclusões não são contraditórias. Segundo a organização, o estudo da IARC abordou a questão de se o glifosato poderia potencialmente representar algum "perigo" para a saúde humana, inclusive em níveis extremamente altos de exposição. Já o painel conjunto da OMS e da FAO analisou todas as evidências disponíveis para avaliar o risco específico para as pessoas que consomem quantidades limitadas desse produto químico através dos alimentos.
A constatação anterior da OMS foi citada por ativistas liderados pela Greenpeace, que pediram a proibição total do componente. Em março, reguladores dos 28 estados membros da UE, além da Comissão Europeia, adiaram a sua decisão sobre a aprovação do glifosato, por entre lobbies ferozes de ambos os lados da questão. A comissão de pesticidas da UE deve reunir na quarta-feira para decidir sobre a possibilidade de alargar a licença do glifosato. As últimas conclusões da ONU poderiam derrubar a decisão anterior, beneficiando a gigante da agricultura Monsanto, que lutou para garantir a aprovação do seu produto-chave. Entre os principais países-membros da UE, a França e a Áustria já se manifestaram contrárias ao glifosato, enquanto a Grã-Bretanha e a Alemanha apoiam a sua utilização.
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