“Conseguimos confirmar que as primeiras descargas de água não continham radionuclídeos em níveis nocivos”, disse o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, durante uma visita a Estocolmo.

“As primeiras descargas estão em linha com as nossas expectativas, mas continuaremos a monitorizar a situação”, garantiu Grossi.

Em 24 de agosto, a AIEA tinha informado que a concentração da substância radioativa trítio estava “muito abaixo do limite aceitável de 1.500 becquerels (Bq) por litro”, um nível bem abaixo do padrão nacional japonês para a água.

A descarga de água da central nuclear de Fukushima – que sofreu um acidente em março de 2011, com três dos seus seis reatores a derreterem e a contaminarem as terras nas imediações do complexo após um sismo e um tsunami – tem suscitado receios nos pescadores japoneses, mas também uma forte oposição por parte da China, que suspendeu as importações de produtos de origem aquática provenientes do Japão.

Durante a visita à capital sueca, o diretor-geral da AIEA, agência que integra o sistema da ONU, também se pronunciou sobre a cooperação com o Irão e as tentativas para recuperar o acordo internacional sobre o controverso programa nuclear de Teerão – após o abandono unilateral dos Estados Unidos em 2018 -, afirmando que o ritmo de reinstalação de câmaras de observação nas instalações nucleares iranianas ainda é demasiado lento.

“Estamos a tentar reinstalar essas câmaras, o trabalho começou, mas não está a avançar no ritmo que esperávamos”, admitiu Grossi.

No regresso de uma visita a Teerão, em março, Grossi tinha elogiado a promessa do Irão de reiniciar estes dispositivos de vigilância, que tinham sido desligados em junho de 2022, num contexto de deterioração das relações com as potências ocidentais.

“Estamos a aguardar esclarecimentos do Irão sobre os vestígios de urânio que foram encontrados. Este é um processo contínuo que pode ser melhorado”, disse Grossi, referindo-se aos progressos nas negociações com Teerão.