“Já há parceiros, nomeadamente a União Europeia, a Cooperação Espanhola, e da nossa parte iremos apoiar não só com apoio técnico e algum apoio financeiro, mas na busca de parcerias para essa colaboração”, disse a coordenadora residente da ONU em Cabo Verde.
Ana Patrícia Graça falava à imprensa após um encontro com o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, enquadrado no programa de visita ao país de uma equipa de diretores regionais para África daquela organização.
Cabo Verde iniciou no ano passado a preparação do V Recenseamento Geral da População e Habitação, a maior operação estatística no arquipélago, tentando mobilizar financiamento junto dos diferentes parceiros.
O Censo está orçado em mais de 650 milhões de escudos cabo-verdianos (5,8 milhões de euros), sendo que o Governo cabo-verdiano vai disponibilizar 40% do valor e os restantes 60% deverão ser garantidos por parceiros do arquipélago.
A coordenadora não avançou os valores precisos que a ONU poderá disponibilizar, mas garantiu que vai continuar a trabalhar com o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) cabo-verdiano nessa e noutras operações em curso.
“O Sistema [das Nações Unidas] tem estado a trabalhar com o INE nesse sentido, mas também a trazer e a procurar trazer novas parcerias e novos financiamentos para a produção estatística, porque é com base nessa produção que Cabo Verde pode tomar as decisões e as políticas públicas mais acertadas”, sublinhou Ana Graça.
O censo, que será realizado pelo INE em todo o território nacional, é um conjunto de operações que consistem na recolha, tratamento e análise de dados sobre as características demográficas, económicas e sociais de todos os habitantes de um país.
A recolha e tratamento dos dados vão acontecer em 2020 e os resultados serão conhecidos no ano seguinte.
Cabo Verde tem realizado censos demográficos desde 1960, mas só nos últimos três após a independência (1980, 1990 e 2000) incluiu, além da população, a habitação.
Sobre a visita ao país dos diretores regionais para África da ONU, a representante em Cabo Verde assumiu a satisfação, pelo facto de acontecer pela primeira vez com um grupo de 10 representantes dos organismos de cooperação do arquipélago.
Também sublinhou que é algo que não acontece facilmente e muitas vezes porque Cabo Verde está inserido numa região “com problemas complexos”, que exigem a atenção da ONU.
Ana Graça disse que a visita foi uma oportunidade para os diretores regionais aprofundarem o diálogo com o país, mas também para constatarem o alinhamento do quadro de cooperação com o plano estratégico de desenvolvimento de Cabo Verde e os progressos em várias áreas.
“São um sinal de estabilidade política, de boa governação, de liderança por parte de Cabo Verde em áreas muito importantes”, sustentou a coordenadora da ONU, que apontou como desafios do país as vulnerabilidades a choques económicos e ambientais ou o crescimento económico inclusivo.
O diretor regional do Programa Alimentar Mundial, Abdou Dieng, disse que o grupo sai de Cabo Verde “muito satisfeito” com o que viu e com os progressos que o país alcançou nos últimos anos.
Dieng sublinhou que o país ainda enfrenta desafios e disse que as agências das Nações Unidas vão continuar a trabalhar e a acompanhar Cabo Verde.
Além do primeiro-ministro, os representantes regionais tiveram encontros com várias outras autoridades cabo-verdianas e tiveram sessões de trabalho com a equipa nacional da ONU.
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