Em silêncio desde que foi colocado sob investigação criminal no âmbito da Operação Influencer, o ex-ministro João Galamba nega ser o autor de uma lei no olho do furacão deste caso que assola o Governo.

Uma notícia publicada sexta-feira pelo “Observador” refere que António Costa é suspeito de alegada prática de crime de prevaricação pela aprovação do novo Regime Jurídico de Urbanização e Edificação no Conselho de Ministros de 19 de outubro – um diploma que terá beneficiado ao objetivo da empresa Start Campus no sentido de instalar um centro de dados em Sines.

Ao Expresso, João Galamba respondeu com um "não" à pergunta se negociou com Rui Oliveira Neves (o administrador da Start Campus) e João Tiago Silveira (líder do grupo de trabalho do Governo para a simplificação em várias áreas) os contornos de uma alteração à lei para beneficiar esta empresa.

O ex-ministro rejeita também ter pedido a Diogo Lacerda Machado, consultor da Start Campus e amigo próximo de António Costa, "para que este lhe enviasse um documento com soluções legislativas que interessariam à empresa", escreve o semanário.

A Operação Influencer levou no dia 7 de novembro às detenções do chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária, do advogado e consultor Diogo Lacerda Machado, dos administradores da empresa Start Campus, entre outros. São ainda arguidos João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta e o advogado João Tiago Silveira.

O processo foi entretanto separado em três inquéritos, relacionados com a construção de um centro de dados na zona industrial e logística de Sines pela sociedade Start Campus, a exploração de lítio em Montalegre e de Boticas (ambos distrito de Vila Real) e a produção de energia a partir de hidrogénio em Sines.

O primeiro-ministro, António Costa, que surgiu associado a este caso, foi alvo da abertura de um inquérito no Ministério Público junto do Supremo Tribunal de Justiça, situação que o levou a pedir a demissão, com o Presidente da República a marcar eleições antecipadas para 10 de março.