Apesar das insistentes perguntas dos jornalistas que o aguardavam, José Paulo Pinto de Sousa limitou-se a dizer “deixem-me passar”, até entrar, cerca das 14:00, nas instalações da antiga Polícia Judiciária em Lisboa, onde funciona o Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC).
Por seu lado, Pedro Delille, um dos advogados do antigo primeiro-ministro, juntamente com João Araújo, criticou determinados órgãos de comunicação social por aproveitarem estas diligências de instrução para “fazerem tiro ao alvo” e repetirem “acusações sem fundamento” contra Sócrates e outros arguidos na Operação Marquês.
Segundo Pedro Dellile, os órgãos de comunicação, que não especificou, repetem a tese do Ministério Público (MP) sem confirmarem ou esclarecerem os factos.
O procurador Rosário Teixeira, um dos magistrados que representa o MP neste processo, referiu que José Paulo Pinto de Sousa já foi ouvido em inquérito, que há prova documental sobre os factos imputados e que “não espera ouvir nada de novo” na inquirição do primo de José Sócrates, que hoje se realiza.
A fase de inquirição de testemunhas do processo ficou concluída a 04 de dezembro passado, ficando, contudo, a faltar o arguido José Pinto de Sousa, a ser interrogado, o que ficou marcado para hoje em virtude de este residir em Angola.
A Operação Marquês conta com 28 arguidos - 19 pessoas e nove empresas - e está relacionada com a prática de mais de uma centena e meia de crimes de natureza económico-financeira.
José Sócrates está acusado de crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal qualificada.
A acusação sustenta que Sócrates recebeu cerca de 34 milhões de euros, entre 2006 e 2015, a troco de favorecimentos a interesses do ex-banqueiro Ricardo Salgado no GES e na PT, bem como garantir a concessão de financiamento da Caixa Geral de Depósitos ao empreendimento Vale do Lobo, no Algarve, e por favorecer negócios do Grupo Lena.
Na Operação Marquês foram ainda acusados, entre outros, o empresário Carlos Santos Silva (apontado como “testa de ferro” de Sócrates), o ex-administrador do Grupo Lena Joaquim Barroca, Zeinal Bava, ex-presidente executivo da PT, Armando Vara, antigo deputado e ministro e ex-administrador da CGD, Henrique Granadeiro (ex-gestor da PT) e José Paulo Pinto de Sousa (primo de Sócrates).
O processo foi investigado durante mais de três anos, culminado com uma acusação com cerca de quatro mil páginas, tendo a fase de instrução, dirigida pelo juiz Ivo Rosa, tido início em janeiro, devendo prolongar-se durante todo o ano de 2019.
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