“O juiz tem manifestado muita preocupação sobre tentar fazer os interrogatórios todos o mais rapidamente possível. Ele está preocupado com o tempo em que as pessoas estão detidas e [quer] dar uma solução final no menor tempo possível”, apontou Adélia Moreira, em declarações aos jornalistas à saída do Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto.
A advogada falava no final do interrogatório de José Pereira, que demorou “cerca de uma hora” e incidiu em “factos relacionados” com uma Assembleia Geral extraordinária do FC Porto, frisando a “vontade” do seu cliente em “esclarecer tudo o que o tribunal pretendia”.
“O juiz tinha dito ontem [quinta-feira] que o timing dele [para a aplicação das medidas de coação] iria ser, no máximo, segunda-feira, mas não nos falou de domingo. Hoje já disse para estarmos alerta todo o fim de semana”, adiantou, convicta de que o andamento dos três interrogatórios agendados para sábado ajudarão a perceber qual a data da decisão.
José Pereira foi o terceiro arguido a ser ouvido no TIC, depois de António Moreira de Sá, que hoje completou o depoimento prestado na quinta-feira, e Tiago Aguiar, um dos dois funcionários do clube implicados, seguindo-se Vítor Aleixo antes da pausa para o jantar.
Os interrogatórios vão ser retomados às 21:30, com Fernando Saul, oficial de ligação aos adeptos do FC Porto, a prestar declarações, ao passo que as restantes três diligências, incluindo a de Fernando Madureira, líder da claque Super Dragões, ocorrem no sábado.
Sandra Madureira, mulher de Fernando Madureira e vice-presidente dos Super Dragões, permaneceu durante o dia esquadra da PSP de Santo Tirso, já que, tal como outros três arguidos, não quer prestar declarações no primeiro interrogatório judicial, que está a ser efetuado pelo juiz Pedro Miguel Vieira no TIC e visa a aplicação de medidas de coação.
Na quarta-feira, a PSP deteve 12 pessoas - incluindo dois funcionários do FC Porto e o líder dos Super Dragões, Fernando Madureira -, no âmbito da Operação Pretoriano, que investiga os incidentes observados na última Assembleia Geral extraordinária do clube.
De acordo com documentos judiciais, aos quais a agência Lusa teve acesso, o Ministério Público sustenta que a claque Super Dragões pretendeu “criar um clima de intimidação e medo” na AG do FC Porto, em 13 de novembro de 2023, na qual houve incidentes, para que fosse aprovada a revisão estatutária, “do interesse da atual direção” ‘azul e branca’.
A Procuradoria-Geral Distrital do Porto divulgou que estão em causa “crimes de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo ou em acontecimento relacionado com o fenómeno desportivo, coação e ameaça agravada, instigação pública a um crime, arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda atentado à liberdade de informação”.
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