O bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Miguel Guimarães, classifica como uma “vergonha e um drama nacional” o atraso na abertura dos concursos para os 710 médicos especialistas que concluíram o internato há cerca de 10 meses.

“É uma situação criada pelo ministro da Saúde que é não só ilegal, mas é também imoral. Temos muitos doentes com necessidade de consulta hospitalar, temos doentes em lista de espera para cirurgia e temos por outro lado mais de 700 especialistas hospitalares que ainda não foram contratados. É a gestão desastrosa que o Ministério da Saúde está a fazer da saúde”, afirmou Miguel Guimarães à agência Lusa.

“Isto já é uma coisa mais grave que uma vergonha nacional. É um drama nacional para os milhares que estão à espera de consulta hospitalar e que estão à espera de ser operados”, acrescenta o bastonário.

Um grupo de médicos recém-especialistas da área hospitalar começou a enviar esta semana uma “carta aberta” a várias entidades e personalidades, como o Presidente da República, o primeiro-ministro e também à Assembleia da República.

Na quinta-feira, o grupo vai entregar a carta na comissão parlamentar de Saúde, acompanhado por elementos da OM, incluindo o próprio bastonário.

Na carta, a que a agência Lusa teve acesso, o grupo de médicos recorda que há 710 médicos especialistas que se encontram numa “situação de indefinição e de precariedade do seu vínculo profissional”, após terem concluído uma formação médica geral e específica que durou 11 a 13 anos.

“Após a conclusão da especialidade, assistimos a um alijar de responsabilidades por parte do Governo no que respeita ao procedimento concursal”, refere a carta que vai ser ainda enviada aos ministros da Saúde e das Finanças, depois de o ministro Adalberto Campos Fernandes já ter recebido uma missiva de um grupo de médicos de medicina geral e familiar também sobre atraso na abertura dos concursos.

Estes médicos especialistas hospitalares e de saúde pública pedem a abertura célere de concursos para serem colocados em instituições do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que aguardam há mais de nove meses.

“A ausência de concursos durante o ano de 2017 criou uma indefinição do nosso futuro enquanto médicos especialistas, impedindo-nos de desenvolver projetos profissionais e institucionais para os quais estamos (ainda) motivados e que, acreditamos, iriam contribuir para a melhoria dos cuidados prestados no SNS”, afirma a missiva.

Estes médicos consideram que estão também a ser desrespeitados os utentes do SNS: “Porque importa efetivamente quantos segundos, minutos, horas, dias, meses ou anos, os utentes continuam a aguardar por atendimento nos serviços de urgência, consultas de especialidade, cirurgias, exames complementares de diagnóstico, e outros cuidados prestados”.

O ministro da Saúde disse há mais de um mês no parlamento que os concursos iriam ser abertos “dentro de dias”. Na semana passada, o governante afirmou aos jornalistas que já tinha assinado o despacho relativo aos médicos de medicina geral e familiar que concluíram a especialidade, ficando ainda a faltar o relativo ao este grupo de médicos especialistas hospitalares.

No início da semana passada, o primeiro-ministro, António Costa, foi questionado pelo CDS sobre os atrasos na abertura do concurso para os recém-especialistas.

“Podemos sempre medir o tempo em diferentes unidades: em anos, meses dias, horas ou segundos. Até podia dizer que está por segundos, não importa é quantos segundos. No momento próprio o concurso será aberto”, declarou.

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