Esta questão, porém, não entra nas preocupações do secretário-executivo da JMJLisboa2023, Duarte Ricciardi, que entende, em entrevista à Lusa, que “o caminho que a Comissão está a fazer terá os seus próprios ‘timings’ e a preparação da Jornada tem os seus ‘timings’ obrigatórios - vai acontecer de 01 a 06 de agosto 2023”.

“Não paro para pensar quando é que vai sair uma notícia ou outra, porque acho que este [JMJLisboa2023] é um projeto de Deus e que tudo fará sentido”, afirma Duarte Ricciardi.

Segundo o gestor que lidera a equipa executiva da Jornada, não há nesta estrutura a “pretensão de controlar que informação é que vai sair”.

“Não penso sobre o impacto que isso possa ter. Não faço ideia do que é que vai sair do relatório. Não faço ideia sobre quando é que o relatório vai sair ou se pode atrasar ou não. Portanto, é uma variável com a qual não jogamos. Não sabemos o que é que vai acontecer, portanto não entra nas nossas projeções”, assegura.

Já sobre a questão dos abusos sexuais no seio da Igreja, Duarte Ricciardi é perentório: “A questão é um tema muito sério e em que a Igreja portuguesa está também a atuar de uma forma muito séria”.

A Igreja “criou um comité específico para isto, as próprias dioceses têm os seus processos para isto (…). É um tema muito sério que nos toca a todos e sensibiliza toda a gente”, observa.

Sobre como os jovens com os quais contacta permanentemente estão a encarar o problema e a sua mediatização, Ricciardi diz não ser assunto nas reuniões de preparação da JMJLisboa2023.

“Não temos sentido dos jovens que isso seja propriamente tema de assunto nos encontros da Jornada Mundial da Juventude. Não [se] têm, de alguma forma, juntado as duas conversas, nem por iniciativa dos jovens, nem por nossa iniciativa”, afirma.

Admitindo que a sua perspetiva sobre o tema “é a de uma pessoa que está completamente por fora do assunto, que não participa nesses comités [comissões], que não tem noção mais do que qualquer outra pessoa do que é que se passou”, Duarte Ricciardi não se exime a expressar: “É uma coisa que nos causa dor, que não gostamos que isso possa ter acontecido, que sentimos muita empatia pelas vítimas e que é algo que gostaríamos que nunca tivesse acontecido”.

A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos de Menores na Igreja, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, iniciou o seu trabalho em janeiro, devendo apresentar até ao final do ano um relatório sobre a situação em Portugal desde 1950.

Até meados do mês de fevereiro, a comissão já havia recebido mais de duas centenas de testemunhos de alegadas vítimas de abusos no seio da Igreja Católica ou de instituições a ela ligadas em Portugal.